O preço alto da carne no Brasil também atinge os cortes considerados de segunda e terceira. Os açougues vem relatando que carcaça temperada, pé de galinha, pescoço, e outras partes de boi, vaca e porco estão sendo mais procurados e também estão mais caros.
Não existem dados a nível Brasil sobre o preço destes cortes. No estado de São Paulo, o preço do pescoço de frango cresceu 15,79% no último mês na comparação dos 12 meses, de acordo com a consultoria Safras e Mercados.
A carcaça temperada de frango cresceu 45%, o dorso, 60%. Já entre os os suínos, a alta mais acentuada foi no espinhaço com 23,91%, que é a “coluna” do porco, e na orelha, 20%.
“Nas lojas de São Paulo, Minas, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, todos confirmaram que essas carnes foram mais vendidas por conta da crise”, disse o cofundador da Rede Mais Açougues, Diego Moscato. O pé de frango está na liderança, com um aumento de 26% no consumo.
A Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) não divulga os dados a respeito destes cortes e o levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é restrito as carnes de primeira e de segunda ou ao produto por inteiro, no caso do frango e porco.
Procura por ossos
Os ossos que costumavam ser descartados pelos frigoríficos e açougues estão sendo procurados cada vez mais por pessoas mais pobres nos últimos meses.
Porém, o preço elevado da carne não é novidade e nem o consumo de ossos como única opção para as pessoas de baixa renda, diz Rodrigo “Kiko” Afonso, diretor-executivo da ONG Ação Cidadania.
“R$ 170 é a média do Bolsa Família, com isso, vamos combinar, como compra comida para a família, paga o aluguel, roupa, transporte para arrumar emprego? Independente do preço da carne, já não poderiam comprar com o preço anterior. Já tinha uma defasagem enorme do salário dessas pessoas. Com o aumento tirou toda a possibilidade dessas pessoas se alimentarem de arroz, feijão, carne e etc”, disse. (G1)