O pré-candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta segunda-feira (18) que o ex-juiz Sergio Moro era a única restrição que o impedia de participar das negociações que ocorrem na chamada terceira via, mas disse que as conversas não podem ser acordo de pretendentes que replique “essa tragédia que está aí”.
Ciro participou do lançamento da pré-candidatura da senadora Leila Barros (PDT) ao governo do Distrito Federal.
O pedetista disse que, há duas semanas, se reuniu com Bivar e com o secretário-geral da União Brasil, ACM Neto. No encontro, afirmou, foi consultado sobre a eventual participação em uma “dinâmica de conversa com essas outras pessoas.”
“Eu disse a eles que a mim repugnava a ideia de sentar com um inimigo da República como Sergio Moro. Parece que essa questão está vencida. Portanto, a única restrição que eu fazia está superada, aparentemente”, disse.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada no final de março, Ciro aparecia com 6%, tecnicamente empatado com o então pré-candidato do Podemos, que tinha 8%.
Nas vésperas do fechamento da janela partidária, Sergio Moro deixou o Podemos para se juntar à União Brasil, sigla com mais recursos financeiros e tempo de televisão. Disse que abria mão “nesse momento” de disputar a Presidência da República.
Ciro ironizou o Podemos e disse que o partido “saltou uma fogueira”. “Porque colocar o Moro dentro de um partido significa trazer um inimigo da República para o processo político brasileiro”, ressaltou. Ele acusou o ex-juiz de usar áudios para perseguir político e depois se tornar ministro “do outro político que ganhou a eleição.”
“Um ex-juiz, ex-ministro da Justiça, portador de informações privilegiadas não pode trabalhar para uma multinacional e em dez meses ganhar R$ 3,6 milhões em dólar e tentar esconder isso do povo brasileiro. É um grande picareta que a República tem que expurgar da nossa convivência.”
Para Ciro, é preciso haver método nas conversas da terceira via para que não se torne “um acordo de pretendentes a replicar o que está aí”.
“O que está acontecendo no Brasil, eu tentei mostrar hoje para vocês de novo, é a agonia final de um modelo econômico e de um modelo de governança política que não tem como prosperar mais”, continuou. “Portanto, o método da conversa tem que ser a discussão do que nós pretendemos colocar no lugar dessa tragédia do que está aí.”
O pedetista afirmou que, além da União Brasil, o PDT também conversa com o PSD, de Gilberto Kassab. “O PSD e o União Brasil são os dois partidos que, ainda não tendo alinhamento, nós temos aprofundado nossa conversa na direção de tentar fazer.”
Uma definição sobre uma eventual aliança, na avaliação do pré-candidato, deve ficar para julho. “Eles querem ver se eu atravesso o Rubicão [rio que Júlio César ultrapassou, rompendo a determinação que divisões militares ficassem fora de Roma]. Eles querem ver se eu me viabilizo.”
Ciro afirmou ainda que a recente recuperação demonstrada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de intenção de voto se deve ao “salto alto do lulopetismo”.
“Na medida em que o lulopetismo se anuncia vitorioso de véspera, aquela massa de pessoas que se frustrou com Bolsonaro, obrigados pela grande mídia todo dia a optar entre o coisa ruim e o coisa pior, acham ainda que o coisa ruim é o Bolsonaro e o coisa pior é o Lula”, afirmou.
“É só essa a explicação, não tem outra”, complementou, lembrando indicadores que apontam para uma deterioração da economia do país.
O pré-candidato também comentou a formação da federação de PT e PC do B. O diretório nacional do PT aprovou a federação com os comunistas e o PV na última quarta-feira (13) em reunião em São Paulo. Na ocasião, também foi ratificada a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Em festa e em velório de amigos e adversários eu não costumo me meter não. Tenho muito dó de ver um partido centenário como o PC do B aceitar ser extinto pela ação apodrecedora da política que o Lula tem examinado na vida brasileira.”
Bahia Notícias