A Presidência da República solicitou oficialmente ao MEC (Ministério da Educação) que recebesse um dos pastores ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e suspeitos de atuar em um esquema de corrupção no governo e ainda cobrou retorno da pasta sobre as providências adotadas sobre o caso, mostra informações de um email obtido pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a publicação, a mensagem, de janeiro de 2021, partiu do gabinete do então ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, cotado para vice na chapa à reeleição de Bolsonaro. Em 7 de janeiro de 2021, o gabinete de Braga Netto encaminha ao MEC por email uma solicitação de audiência em nome do pastor Arilton Moura para que a pasta avaliasse a “pertinência em atender”. O texto ainda cobra retorno sobre as “providências adotadas por esse Ministério”.
Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos negociavam, desde o início de 2021, a liberação de recursos federais da Educação com prefeitos, mesmo sem cargo no governo.
As mensagens reforçam as suspeitas de respaldo do Planalto para a atuação dos pastores, peças centrais no balcão de negócios do MEC. Em áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo em março, o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que priorizava pedidos dos pastores sob orientação de Bolsonaro.
De acordo com as mensagens obtidas pela Folha, a assessora dos pastores, Nely Carneiro da Veiga Jardim, pede —em email para Casa Civil às 9h47 do dia 7 de janeiro de 2021— “uma audiência com Gen.Braga Netto”.
A Casa Civil, por sua vez, encaminha ao MEC, às 17h40, mensagem para que o MEC avalie a possibilidade de receber o pastor. O título da mensagem é: “DERIVAÇÃO: Pastor Arilton Moura, Assessor do Presidente das Igrejas Evangélicas Cristo para Todos”. O presidente da instituição é o pastor Gilmar Santos.
A mensagem saiu do endereço “agendacivil@presidencia.gov.br”, sob assinatura da Coordenação de Agenda/ Gabinete do Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República”. O email foi enviado para “gabinetedoministro@mec.gov.br”.
Não há informações se Arilton esteve no MEC ou na Casa Civil no dia 7 de janeiro de 2021.
Questionados pelo jornal, MEC, Planalto e o ex-ministro não responderam. (Bahia.ba)