O setor cultural perdeu 47 mil postos de trabalho entre os anos de 2019 e 2020 na Bahia. Os dados são de um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que a categoria foi a que mais perdeu empregos durante a pandemia do coronavírus.
A categoria foi a primeira a suspender as atividades por causa das restrições impostas pela pandemia e é a última a voltar na retomada das atividades econômicas.
O empresário Valdir Andrade conta que sentiu os impactos da suspensão das atividades. Ele tem uma empresa de eventos, é músico, faz gestão de carreira de artistas, mas ficou totalmente sem renda e precisou demitir funcionários.
“Desde o carregador, bilheteiro, segurança, a pessoa que cuidava do camarim, os outros técnicos, então é um número grande de pessoas. É você sair, olhar para o mês seguinte e não ter receita mesmo”, detalha.
Segundo os dados do IBGE, o setor encolheu 17,6% , enquanto que a média do mercado foi de 14,1% de redução.
As mulheres somam 57,6% da mão de obra do estado, mas tem grau de informalidade mais alto. De cada dez mulheres, seis não trabalha com carteira assinada (60,7%) e a remuneração é 30% mais baixa (-30,1%) que a média.
A pandemia prejudicou a produtora Irá Carvalho. Quando o setor parou, ela tinha oito shows agendados.
“Achava que um mês depois ia parar, ia voltar, mas estamos até hoje sem esse retorno né? A gente está aí tentando voltar com todas as dificuldades”, afirmou a produtora.
O músico Agatângelo, morador de Periperi, subúrbio de Salvador, começou a trabalhar como cabelereiro para pagar os custos da casa. O artista ficou sem fazer apresentações durante todo esse período e outro apoio fundamental foi o auxílio emergencial, além do recurso da Lei Aldir Blanc.
“Eu tenho essa profissão de cabelereiro, o comércio caiu muito e por conta disso a gente fica sem poder pagar aluguel, botijão de gás aumentou, transporte está aumentando e a gente não sabe mais o que fazer”, reclamou.
O motorista Leandro Maltez também teve que buscar outra alternativa para se sustentar. O baiano tem uma banda de arrocha, que toca em barzinhos no subúrbio e faz eventos.
Durante a pandemia, virou motorista, mas, ele conta que muitos colegas preferiram se arriscar em eventos clandestinos.
Para quem ficou totalmente sem renda, o impacto foi tão grande que vai ser impossível retornar aos palcos. A Companhia Baiana de Patifaria, um dos grupos de teatro mais tradicionais da Bahia, anunciou que vai encerrar as atividades depois de 35 anos.
Os artistas fizeram uma vaquinha virtual para pagar dívidas. Tem artistas e profissionais da cultura que já migraram para outras áreas.
“O auxílio emergencial infelizmente não chegou para todos, com alguns impedimentos por exemplo a declaração de imposto de renda. Os editais também se comportaram como se não tivéssemos vivendo em um período de emergência”, disse o ator Marcelo Praddo.
O primeiro evento-teste da Bahia foi realizado no mês agosto, em Salvador. Embora os eventos só começaram a ser liberados no mês de setembro, com restrições de público e protocolos sanitários. Atualmente a liberação na Bahia é para eventos com até 5 mil pessoas, desde que seja comprovado o esquema vacinal completo.
Fonte: G1 Bahia