Como o discurso de Greta Thunberg poderia ser útil a Bolsonaro

Greta Thunberg fala durante Cúpula da Ação Climática das Nações Unidas em Nova York (Carlo Allegri/Reuters)
Greta Thunberg fala durante Cúpula da Ação Climática das Nações Unidas em Nova York (Carlo Allegri/Reuters)

Greta Thunberg, a ativista de 16 anos que se tornou o símbolo da causa ambiental, foi mais uma das vítimas do extremismo brasileiro.

Para citar apenas dois exemplos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, possível futuro embaixador do Brasil em Washington, publicou uma imagem e uma notícia falsas sobre a garota em seu perfil no Twitter. O radialista Gustavo Negreiros, do Rio Grande do Norte, declarou durante uma transmissão de seu programa que a adolescente estava “precisando de sexo”.

Na sequência, a internet se mobilizou para mostrar que o país não se resume às ofensas. A hashtag #DesculpaGreta logo entrou nos Trending Topics do Twitter (da mesma forma como aconteceu com o #DesculpaBrigitte, quando o presidente Jair Bolsonaro ofendeu a primeira-dama da França, Brigitte Macron).

O que os extremistas não se dão ao trabalho de perceber é que, da mesma maneira como a garota criticou o Brasil, ela já usou vários argumentos contra as políticas ambientais da Alemanha, da França e da Noruega, alguns dos alvos preferidos do presidente Jair Bolsonaro.

Ao visitar uma mina de carvão na Alemanha, nação que tem como meta eliminar o combustível fóssil de sua matriz até 2038, criticou os planos do país. Em agosto, Greta afirmou: “já visitei outras minas de carvão, mas essa é tão grande e tão devastadora. Fico imensamente triste ao ver essa destruição, nessa área que costumava ser um ecossistema de floresta. Sinto muito pelas pessoas que tiveram que se mudar”. Ela também destacou as metas do Acordo de Paris: “se quisermos ficar abaixo de 1,5 graus no aumento da temperatura, a ciência diz que a Alemanha não poderá continuar queimando carvão por mais 20 anos”.

Também neste ano, Greta disparou críticas à Noruega, mesmo quando o país afirmou que não ia explorar petróleo no Ártico:

Com relação à França, Greta e um grupo de 15 adolescentes protocolaram uma queixa nas Nações Unidas por violação aos direitos da infância. A mesma reclamação acusou o país de Macron, ao lado de Argentina, Brasil, Alemanha e Turquia, de não agirem de forma efetiva contra o aquecimento global, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos que as mudanças climáticas poderão causar no futuro do jovens.

Ou seja, para a jovem ativista, Brasil, Alemanha e França não estão em balaios tão distantes. Há vários outros exemplos de críticas que a garota costuma disparar em seus discursos. Em sua fala na Cúpula do Clima, evento das Nações Unidas, a sueca falou, literalmente, para todos os líderes do mundo: “Vocês roubaram meus sonhos e minha infância (…). Está tudo errado”. Greta Thunberg incomoda o Brasil e muita, muita gente. (VEJA)

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