‘Eu falei Faraóóó’: Hino da música baiana é alvo de plágio e compositor aciona pagodeiro na Justiça

Cantor Robyssão, em apresentação no carnaval de Salvador, em 2018 — Foto: Sérgio Pedreira/Ag. Haack

A canção “Faraó – Divindade do Egito”, hino da música baiana desde os anos 80, foi alvo de plágio pelo cantor de pagode Robson Costa, conhecido como Robyssão. O compositor original da obra, Luciano Gomes, e a gravadora Universal Music acionaram o artista na Justiça.

“Faraó” já foi interpretada por grandes nomes da axé music, como Margareth Menezes e o grupo Olodum. A polêmica do plágio começou no início deste mês, quando Robyssão lançou “Vai no chão”, uma versão não autorizada da música.

Depois que o compositor e a gravadora entraram com processo judicial, a música de Robyssão foi removida das plataformas digitais. O g1 tentou contato com a produção do cantor, mas não conseguiu retorno.

Nas redes sociais, Luciano Gomes iniciou uma campanha para preservar a memória musical de “Faraó”. Em uma transmissão ao vivo, ele disse que não autorizou a regravação da música, nem a alteração da letra.

“Eu vim noticiar aqui uma situação desagradável que está acontecendo. A música ‘Faraó’ foi plagiada por um artista local, que vocês conhecem, chamado Robyssão, em ritmo de pagodão. Só que essa versão aí não teve a minha solicitação ou a minha autorização para gravação. Não fui comunicado, não fui informado de nenhuma alteração da minha canção – até mesmo porque eu não aceitaria, como não aceito”, começou dizendo o compositor.

Luciano seguiu explicando que tinha vínculo de direitos autorais com a extinta gravadora Stalo Produções Artísticas e que, depois que a organização foi encerrada, a documentação com os direitos da música foi entregue para a Universal Music.

O g1 também entrou em contato com a gravadora Universal, para obter posicionamento sobre a situação, mas ainda não teve retorno.

“Como a Stalo fechou, toda a documentação a respeito de ‘Faraó’ foi passada para a Universal Music. Então, o que ocorre é que eu estava aguardando um posicionamento do setor jurídico da Universal, para poder me manifestar. Eu tinha conhecimento já dessas execuções, desses vídeos no YouTube, das plataformas digitais, e vocês sabem que uma execução – qualquer que seja ela –, em se tratando de ‘Faraó’, bom ou ruim, pequeno ou muito, rende lucro. Rende dinheiro para alguém”, ponderou Luciano.

“Se ele foi beneficiado cantando ‘Faraó’, no ritmo de pagode, tem uma hora que a conta chega. Então, quero avisar a vocês que eu já mantive contato com o setor jurídico da Universal, que neste momento já está tomando as providências para que seja suspensa todas as execuções com a música ‘Vai no chão’”.

“Estou buscando uma reparação indenizatória por conta dos prejuízos causados à história dessa canção. É um artista que sabe o que é o interesse musical e a contribuição dada por Faraó para a música baiana, brasileira. Através de ‘Faraó’ foi que surgiu esse boom da musicalidade baiana. Muita gente tornou-se artista depois da canção ‘Faraó’. Não é dizer que um artista como Robyssão não sabia que estava cometendo um plágio, que é crime, contra uma canção que é tão respeitada, quanto é a canção ‘Faraó’. Então agora eu vou brigar para que a conta chegue”, concluiu. (G1)

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