Teodoro Obiang Mang: quem é o filho de ditador africano que teve dólares e relógios apreendidos no Brasil

Foto: Daniel Marenco/Folhapress

A apreensão de malas com US$ 1,4 milhão e 20 relógios de luxo no Aeroporto de Viracopos não é a primeira notícia que liga Teodoro Obiang Mang, filho do ditador da Guiné Equatorial, ao Brasil e a dúvidas sobre o uso de sua fortuna pelo mundo. 

Saiba mais sobre Teodorín – como ele é conhecido: 

 – Tem 49 anos e é vice-presidente da Guiné Equatorial, apontado como sucessor do pai, o ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
 – O pai é o ditador há mais tempo no poder na África. Ele governa há 39 anos, desde que deu um golpe no próprio tio, Francisco Macías.
 – Nguema é o oitavo presidente mais rico do mundo, segundo a revista “Forbes”. Sua fortuna é estimada em US$ 600 milhões – mas o valor exato é desconhecido.
 – Teodorín já foi condenado na França e nos EUA por corrupção e crimes financeiros, e não esconde sua fortuna em carros, imóveis e outros objetos e hábitos de luxo.
 – Ele esteve no Brasil em 2015, quando a escola de samba Beija Flor, do Rio de Janeiro, fez um desfile em homenagem à Guiné Equatorial.
 – Em 2018, as brasileiras Lexa e Ludmilla estiveram entre os astros pop que tocaram na festa de aniversário de Teodorín.

A ex-colônia espanhola na África Ocidental tem 1,2 milhão de habitantes. A Guiné Equatorial é a terceira maior produtora de petróleo da África, mas a população é extremamente pobre (138º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano). Enquanto isso, o ditador e seu filho não escondem sua fortuna pelo mundo. 

França, EUA e Brasil: A França é o país que mais aperta o cerco contra Teodorín, mas nunca conseguiu que ele cumprisse pena pelos alegados crimes financeiros. Em 2012, a França já havia o condenado por corrupção e, no ano seguinte, chegou a pedir sua extradição ao Brasil quando ele passou pelo país no Carnaval, mas ele não foi pego. Dois anos depois, uma mensagem interceptada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato indicou que diretores da empreiteira brasileira OAS, que tinha relações comerciais com a Guiné Equatorial, teriam ajudado a advertir Teodorín a sair do Brasil antes de ser extraditado para a França em 2013. Em 2017, a Justiça francesa voltou a pedir 3 anos de prisão por desvio de verbas públicas, enriquecimento ilícito, corrupção e lavagem de dinheiro. As autoridades francesas desconfiaram dele após a aquisição de um palacete em Paris e carros de luxo. Um dos imóveis dele vale em 110 milhões de euros e fica perto do Arco do Triunfo. Entre os carros, estão Ferraris, Bentley, Bugatti Veyron, Porsche Carrera, Maybach Mercedes, Aston Martin, Maserati e Rolls-Royce. Em 2014, a Justiça dos EUA também decidiu que os bens dele em território norte-americano fossem confiscados. 

Segundo o jornal O Globo, a investigação francesa também revelou que Teodorín tem vários imóveis no Brasil, que valem mais de US$ 200 milhões de dólares. A passagem mais polêmica de Teodorín pelo Brasil foi em 2015, quando a Beija-Flor fez um enredo campeão no Rio sobre a Guiné Equatorial. O desfile custou R$ 10 milhões, mas nunca ficou claro quem pagou. O governo da Guiné Equatorial negou ter disponibilizado a verba em homenagem ao país africano e informou que apenas apoiou uma iniciativa idealizada por empresas brasileiras “que mantêm operações” por lá. O presidente da Beija-Flor, Farid Abraão David, confirmou em que a agremiação recebeu ajuda de empresas brasileiras, mas não informou de onde vieram as doações e nem qual foi o valor recebido. 

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