O jovem Michel da Silva Lins, de 21 anos, preso em uma ação policial pela suspeita de descartar dos corpos de Bruno e Yan Barros, mortos após furtarem carne no supermercado Atakarejo, em Salvador, foi solto na noite desta quarta-feira (14) após ter a prisão temporária revogada. A informação foi divulgada pelo advogado do jovem, João Victor.
“Ele estava preso em uma prisão temporária, que visa dar prazo para a polícia investigar. Fechou as investigações, ontem foi oferecido uma denúncia em desfavor de Michel e pedido uma prisão preventiva, mas a juíza negou”, disse o advogado.
“Como já tinha encerrado a prisão temporária e já tinha encerrado as negociações, ela não viu mais objeto de manter essa prisão e revogou a temporária dele”, explicou.
Na segunda-feira (12), Michel Lins e mais 12 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por crimes que resultaram nas mortes de Bruno Barros da Silva e Yan Barros da Silva. A defesa do jovem disse que foi pega com surpresa pela decisão.
“A denúncia fez com que a gente fosse pego de surpresa, porque não tinha elemento nenhum para prender Michel. Eles baseiam toda as investigação em duas fotos: Uma de um relógio que nunca foi dele [Michel] e outra de um capacete branco, que pode ser de qualquer motoboy”, disse João Victor.
“A denúncia variou várias versões diferentes e a defesa sempre teve certeza, provas robustas, declarações em várias linhas, a gente sabia da inocência do Michel e agora nós vamos ao longo do processo provar a inocência dele como um todo”, afirmou.
De acordo com a família do jovem, a motocicleta que aparece nas imagens com a pessoa que teria “descartado” os corpos das vítimas pertence a Michel, mas o veículo estava emprestado a um amigo do investigado.
Participação de Michel Lins
No dia 30 de junho, quando a polícia deflagrou a 2ª fase da Operação Retomada, o motoboy Michel da Silva Lins foi detido por mandado de prisão.
Segundo a polícia, ele foi o responsável por “descartar” os corpos de Yan e Bruno Barros. Entretanto, familiares de Michel afirmam que o rapaz, de 21 anos, não tem envolvimento com o crime.
A polícia alega ter identificado Michel por câmeras de segurança, que registraram a motocicleta que pertence a ele no local do crime. A família confirma que a moto que aparece nas imagens é dele, porém, diz que o veículo estava emprestado a um amigo do rapaz.
A família afirma ainda que o homem que fez o descarte dos corpos se deslocou na moto como cliente do amigo de Michel, que é mototaxista, a quem a moto estava emprestada. Esse homem teria solicitado a corrida no bairro de Brotas.
Por causa da prisão, a família fez protestos em Salvador. Os familiares também disseram que o amigo de Michel, que estava com a moto, prestou depoimento à polícia.
A irmã de Michel, Michele da Silva Lins, disse que existem álibis que podem comprovar a não participação dele no crime. Segundo ela, no momento em que as mortes ocorreram, Michel separava uma briga de vizinhos no bairro, e não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo.
A delegada Zaira Pimentel informou, no entanto, que nenhum álibi chegou até ela e que a polícia tem indícios da participação dele, que a moto dele estava no local e que há também depoimentos que relacionam Michel ao caso.
Investigações e operações
A polícia deflagrou no dia 10 de maio a primeira fase da Operação Retomada, realizada pelo DHPP. Na primeira fase, oito pessoas, entre seguranças e traficantes, foram presas. Três são funcionárias do Atakarejo e outras cinco são suspeitas de tráfico de drogas e de envolvimento no crime.
Em uma entrevista coletiva, no mesmo dia, a polícia confirmou a versão da família de que tio e sobrinho foram entregues aos suspeitos de tráfico por funcionários do supermercado.
No mesmo dia, três funcionários do Atakarejo foram presos em uma operação policial. Ainda na coletiva, a polícia disse que os seguranças pediram R$ 700 para liberar as vítimas.
Além disso, um jovem de 25 anos morreu após ser baleado em um suposto confronto com policiais militares no bairro da Chapada do Rio Vermelho, em Salvador, no dia 1° de julho. Matheus Santana de Assis é suspeito de envolvimento nas mortes de Bruno e Yan Barros. A PM informou que houve troca de tiros, no entanto a família diz que os PMs invadiram o imóvel, pediram para a criança e a sogra dele se retirar, e o mataram. (G1)