Uma pesquisa realizada pela Insper, em parceria com a Universidade de São Paulo e a Universidade de Barcelona, indica que as cidades brasileiras administradas por mulheres tiveram proporcionalmente 43,7% menos mortes por Covid-19 e 30,4% de internações decorrentes da doença.
“A gente decidiu investigar se ter uma mulher na gestão da crise sanitária poderia levar a uma diferença das políticas públicas adotadas e causar desfechos melhores do que ter um homem nessa mesma função”, explica o economista Raphael Bruce, do Insper.
Foram selecionados inicialmente 5.000 municípios, depois filtrados os 1.222 que tiveram eleição à prefeitura em 2016 decidida em um só turno e os segundo colocados fossem de gêneros diferentes. No fim, determinaram um limite para cidades de até 200 mil habitantes. Por fim, refinaram ainda mais a amostra e se restringiram aos municípios onde a disputa eleitoral foi acirrada, com margem de vitória menor de 10% para o candidato ou candidata, totalizando 700 cidades.
A partir daí ofereceram todas as condições adequadas para realizar o experimento controlado para garantir a sua eficácia. Os economistas olharam para um dado grupo de municípios pequenos e médios, comparáveis entre si econômica e demograficamente, em que a chance de haver um homem ou uma mulher na cadeira de prefeito era praticamente aleatória, quase um acaso.
O estudo concluiu que as cidades com prefeitas mulheres tiveram em média 25,5 mortes por 100 mil habitantes a menos do que os administrados por homens, o que representa uma diferença de 43,7%.
De acordo com os autores, se o Brasil tivesse uma distribuição igualitária entre mulheres e homens nas prefeituras – mantida a proporcionalidade do estudo – o país teria cerca de 75 mil vítimas a menos por Covid-19.
MEDIDAS – O resultado não é por acaso. Os especialistas apontam que as cidades com melhor resultado no enfrentamento à pandemia são as que mais adotaram medidas de restrição de circulação e do uso de máscaras, para evitar a disseminação do vírus. A pesquisa indica que cidades administradas por mulheres adotaram as ações com 10% mais frequência do que os prefeitos. (A Tarde)