As fortes chuvas que atingem o Norte de Minas e as regiões Sul, Extremo Sul e o Sudoeste da Bahia têm causado desastres em diversas regiões urbanas e rurais há mais de duas semanas. Mas aldeias localizadas no perímetro acometido pelo temporal sofrem ainda com outras dificuldades.
Conforme aponta um levantamento do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA) e da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (Finpat), feito no início das cheias no estado, somente em Prado 700 famílias foram atingidas.
De acordo com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), obtidas junto às lideranças, em menor ou maior intensidade, todas as localidades ocupadas por povos indígenas sofreram com as enchentes. Há registros de famílias ilhadas e desabrigadas, além de perdas materiais e a falta de água potável e outros bens de uso pessoal.
“Num primeiro momento, [aconteceu] muito fortemente com o pessoal do Extremo Sul, principalmente as aldeias ali na parte baixa, Novos Guerreiros [povo Pataxó], na região de Cabrália, Porto Seguro, Prado, e também nas regiões mais isoladas em torno do Monte Pascoal”, disse o coordenador regional da Cimi, Haroldo Heleno.
A situação, segundo Heleno, se agravou no período do Natal, especificamente nas aldeias do Sul da Bahia, próximo da costa, onde se localizam os povos Pataxó e Tupinambá.
O aumento do nível dos rios da região fez com que famílias ficassem ilhadas. Esta foi a situação dos Hã-Hã-Hãe e de comunidades próximas aos rios Pardo e Colônia, que tiveram cheias repentinas nos últimos dias.
A situação mais preocupante, conta o coordenador regional, é a do Nordeste de Minas, onde o povo Maxakali vive um surto de gripe. “O que mais nos preocupa nesse momento é justamente isso, além dos efeitos das águas”.
O problema, no entanto, também se reflete do lado de cá. “Devido ao atendimento inadequado que a Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena] vem fazendo, nesses últimos tempos nós já temos um grande número de pessoas dos Tupinambás com essa síndrome gripal”, disse Haroldo, afirmando que a tendência é que a situação piore.
O território Tupinambá de Olivença é composto por 23 comunidades, a maior parte delas localizadas em zonas rurais. Ao Bahia Notícias, uma das moradoras, Nataly dos Santos, afirmou que praticamente toda sua comunidade foi acometida.
“Está sendo bem complicado porque o atendimento está reduzido por conta do número muito alto de pessoas que apresentaram sintomas. Estamos tendo que fazer esse cuidado em casa mesmo”, atestou Nataly.
Ela é uma das responsáveis por uma campanha, junto com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), para arrecadar donativos para as comunidades atingidas pelas fortes chuvas.
Segundo ela, não há como precisar um quantitativo de pessoas, mas há aldeias isoladas que contam apenas com o suporte da Sesai e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ambas prestam apoio logístico para a campanha mobilizada pelas comunidades.
(Fonte: Bahia Noticias)