Na edição desta quinta-feira (16) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre uma cirurgia inédita no coração realizada no Brasil para o reparo das válvulas cardíacas em uma mulher de 87 anos.
A paciente nasceu com o coração do lado direito do peito e precisou receber intervenção cirúrgica. Em entrevista à CNN, o cardiologista Vinicius Esteves, que coordenou o procedimento, explicou como foi a operação. “O procedimento é realizado de forma minimamente invasiva, através de um pequeno furo na virilha… tudo é monitorizado, é por ecocardiografia tridimensional, com anestesia geral e uma equipe multidisciplinar acompanhando”, explicou.
Segundo Fernando Gomes, menos de 1% da população é afetada pela chamada dextrocardia – quando o coração ocupa o lado direito do peito. O problema, porém, não se trata do espaço ocupado, mas das alterações no órgão, como no caso das válvulas. O dispositivo é responsável pelo fluxo unidirecional do sangue. “Cada vez que existe um movimento cardíaco, o sangue é impulsionado em apenas uma direção.”
“Se essas válvulas tem problemas, você pode imaginar que tem dificuldade em ejetar o sangue para frente – e o sangue fica parado – ou até mesmo regurgitar, favorecendo com que exista um retorno. Isso faz com que o coração entre em um processo de insuficiência que traz uma clínica muito desconfortável para o paciente”, disse.
A incapacidade das válvulas cardíacas em abrir e fechar podem ocasionar casos de acúmulo de sangue, que podem provocar a insuficiência cardíaca congestiva, com dificuldade de perfusão de órgãos como o pulmão, essencial para a respiração, além de comprometer o retorno venoso, causando inchaço e dificuldade para execução de tarefas.
“É extremamente importante a saúde das válvulas cardíacas para o bom funcionamento do aparelho cardiovascular e, principalmente, para nos sentirmos bem”, afirmou.
Gomes também ressaltou o avanço da medicina para a identificação dos casos de dextrocardia e a realização da cirurgia sem necessidade de abertura da caixa torácica da paciente – um procedimento “complexo”, segundo o médico.
“Toda a evolução tecnológica faz com que a gente saiba disso, não só do ponto de vista clínico”, finalizou. (CNN)