PM suspeito de matar adolescente e atirar em jovem se apresenta a polícia civil e alega legítima defesa

A prisão preventiva dele foi decretada pela Justiça na sexta-feira (6), e, desde então, ele era considerado foragido.

O policial militar (PM) Marlon da Silva Oliveira, investigado pelo homicídio de um adolescente e por disparos contra um jovem no bairro de Ondina, em Salvador, se apresentou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na noite de domingo (8). Na manhã de segunda-feira (9), ele foi transferido para a Corregedoria da Polícia Militar, onde deverá prestar depoimento.

A prisão preventiva dele foi decretada pela Justiça na sexta-feira (6), e, desde então, ele era considerado foragido. A informação foi confirmada pela delegada-geral da Polícia Civil (PC) da Bahia, Heloísa Campos de Brito, nesta segunda-feira (9).

“Foi muito importante a prisão dele, porque nós já estávamos investigando desde que tomamos conhecimento do fato. Desde a segunda-feira, que a polícia judiciária requereu ao pode judiciário a decretação dessa prisão, até em razão dos vídeos, mas principalmente pela importância do interrogatório”, disse a delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito.

“Nós precisamos trazer aos autos a versão do PM, entender o que aconteceu, o que ele alega… Então vamos interrogá-lo hoje, durante o dia, para que possamos confrontar as inúmeras possibilidades que foram levantadas”, pontuou.

O crime ocorreu na madrugada do domingo (1º), no bairro de Ondina. Um vídeo mostra o momento em que Marlon rendeu Gabriel Santos Costa, de 17 anos, e Haziel Martins Costa, 19, xingou e agrediu os dois. O PM disparou mais de 10 tiros contra as vítimas.

Gabriel morreu na hora. Já Haziel foi levado para uma unidade de saúde, onde até esta segunda-feira (9) permanecia internado. O jovem foi atingido no abdômen, braço e antebraço. De acordo com a mãe dele, Kelly Martins, o estado de saúde do rapaz é grave.

De acordo com a delegada Heloísa Campos Brito, o vídeo vai passar por uma perícia, para confirmar que não passou por um processo de edição.

“É importante termos a lisura daquele vídeo, termos certeza que não houve nenhum tipo de montagem. A partir daí, saber a explicação, o argumento que o policial militar apresenta para a atitude dele no local do fato”.

Antes de ser preso, Marlon prestou depoimento, no qual confessou ter atirado contra os jovens, mas alegou que agiu em legítima defesa, afirmando que os dois tentavam assaltá-lo. Contudo, a Polícia Civil (PC) não aceitou essa justificativa. O caso segue sob investigação.

“É aquela máxima: ‘Uma imagem vale mais que mil palavras’, mas é lógico que a gente vai trazer outros elementos de prova para confrontar a versão do policial, de legítima defesa, com a de execução, que é o que parece ter acontecido no vídeo”, afirmou a delegada Andréa Ribeiro, diretora do DHPP.

A PM instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o caso e afastou Marlon das atividades operacionais. A corporação havia realocado o soldado para a área administrativa até o fim das investigações.

Marlon, que atua na 9ª Companhia Independente da Polícia Militar, no bairro Pirajá, não estava fardado, nem usava o carro da corporação no momento que atirou nas vítimas.

O argumento de legítima defesa foi apresentado também pela namorada do policial, que não teve o nome divulgado, e estava no local. A mulher é uma das oito testemunhas que já foram ouvidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.

Procurado, o advogado Otto Lopes, responsável pela defesa do casal, disse que não vai se manifestar até que as investigações sejam concluídas.

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