O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou abertura de inquérito para apurar se a família do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) e do deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA) praticou lavagem de dinheiro com locação de maquinário agrícola e compra e venda supostamente simulada de cabeças de gado.
A decisão é de sexta-feira (28) e foi tornada pública nesta segunda (1º). A decisão e o pedido de investigação não delimitam quem efetivamente será investigado. Moraes atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que apontou indícios de que pessoas ligadas à família emitiam recibos de “valores milionários” por uma empresa pequena de terraplanagem que não teria estrutura para locação dos equipamentos. Ela apontou necessidade de investigar mais as transações com gado e a suspeita de simulação de criação para posterior venda. “Documentos apreendidos indicam rebanho de 9.296 animais. Porém, documentos emitidos pela Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia indicam 11.855 animais. Tal diferença (2.549 animais ou 27,53%), considerado o preço da arroba na região, conforme levantamentos pela Polícia Federal, permitiria a lavagem de R$ 6,5 milhões”, afirmou. O pedido de investigação foi feito dentro de outro inquérito, que apura se os irmãos Vieira Lima se apropriaram de remunerações de secretários parlamentares. Dodge pediu mais prazo para concluir a investigação sobre os salários dos assessores – Alexandre de Moraes autorizou a prorrogação do inquérito por 45 dias. Raquel Dodge destacou ainda que as consultas ao portal de transparência da Câmara dos Deputados não indicam gasto com escritório de representação, o que coloca em dúvida a necessidade de secretários parlamentares baseados na casa da mãe de Geddel e Lúcio, Marluce – ela é ré junto com os filhos no processo que apura se houve lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso dos R$ 51 milhões apreendidos em um apartamento em Salvador.
Segundo a procuradora, uma empregada doméstica afirmou que um dos secretários parlamentares, na realidade, ajudava “a gerenciar os negócios das fazendas da família”.
Na avaliação da procuradora-geral, a apuração aponta que os secretários eram pessoas “sem a menor qualificação para o exercício de função pública” e cujas nomeações foram “decorrentes da camaradagem, da amizade, favor, do compadrio com outros políticos – levadas a efeito sem a mínima preocupação com princípios republicanos como eficiência”.