Há duas semanas, Nicole Johnson Goddard, dos Estados Unidos, compartilhou em seu Facebook um relato preocupante: seu filho Nash, de 3 anos, teve que fazer duas cirurgias para retirar uma pipoca que foi parar em seu pulmão. O pequeno engasgou enquanto via filmes com a família, tossiu por pouco tempo e, aparentemente ficou tudo bem. “Parecia que ele tinha engolido a pipoca”, conta a mãe no texto. Quando o susto do engasgo passou, os pais notaram uma tosse persistente em Nash. Três dias depois, o quadro piorou, o garoto parecia ter dificuldades para respirar e foi levado ao pronto-socorro. Lá, recebeu o diagnóstico de pneumonia, infecção nos pulmões que começou graças à presença de um corpo estranho no órgão: a pipoca. Nicole disse que publicou a história para chamar a atenção das outras famílias à possibilidade de “algo bom rapidamente se transformar em algo ruim”. De fato, a Sociedade Brasileira de Pediatra recomenda que os pais evitem ofertar pipoca e outros alimentos antes dos 4 anos de idade para evitar engasgos, que podem causar tanto a asfixia, obstrução da passagem de ar para os pulmões, quanto quadros parecidos com o de Nash. “Algum fragmento, mesmo que pequeno, pode se alojar nos pulmões por dias e até meses e provocar uma inflamação local, além de trazer bactérias que podem provocar a pneumonia”, explica Kelly Oliveira, pediatra autora da página Pediatria Descomplicada.
Engasgadas mais comuns
Todo mundo está sujeito a ficar com algo preso na garganta vez ou outra, mas nas crianças pequenas esse risco é maior porque elas ainda estão aprendendo a mastigar e conhecendo os alimentos. As engasgadas são mais comuns aos três anos de vida, mas podem ocorrer até os cinco. “Nessa idade, a atenção deve ser maior quando a criança está comendo desatenta numa festa, por exemplo, e fica se movimentando intensamente”, explica Kelly.
Além da pipoca, diversos outros alimentos podem provocar engasgos, especialmente uvas, tomate cereja, amendoim, balas, chicletes e farofa. Como a pipoca é uma queridinha dos brasileiros e presença frequente em festas infantis, nem sempre a regra é obedecida, mas mesmo assim dá para diminuir o risco de acidentes. “Falo para os pais no consultório que eles até podem oferecer antes dos 4 anos, desde os filhos já comam bem e tenham experiência com diversos alimentos, mas sempre sob supervisão. Também oriento a retirada do piruá, a parte amarela e sólida do meio da pipoca, ou fazer a pipoca de sagu, que é mais macia e oferece menos risco”, sugere Kelly. No caso das uvas e tomatinhos, a dica é cortar as unidades ao meio para que passem mais fácil pela garganta. Ensinar autonomia ao filho também ajuda. “Explicar desde cedo o que é cada coisa, como ela deve ser consumida, pedir para comer devagar e outras táticas preparam a criança para lidar melhor com os alimentos”, aponta Kelly.
O que fazer quando o filho engasga
Toda vez que uma criança engasgar e começar a tossir bastante, fique atento. Mesmo que ela pareça bem depois, há a possibilidade do alimento ter escorregado para os pulmões. “O ideal é ir ao médico para avaliar se houve a aspiração e como está a respiração da criança”, ensina Kelly. Sintomas como tosse persistente, febre, fadiga e chiado no peito são sinais de alerta. Agora, se o objeto preso for muito grande, e a criança perder o ar de vez, ela não conseguirá chorar nem falar. O caso requer auxílio urgente, e os médicos recomendam a manobra de Heimlich, que o próprio pediatra pode ensinar, e a ida ao pronto atendimento em seguida. A manobra é aquela clássica em que uma pessoa abraça por trás o indivíduo engasgado e faz pressão no diafragma para que o músculo expulse o objeto preso na garganta. (Bebe.Abril)