Fatores práticos e objetivos colaboraram para a perpetuação do mesmo grupo no poder da CBF. Um deles é a mesada paga as federações estaduais. Os valores não são divulgados oficialmente, mas sabe-se que cada entidade recebe pelo menos R$ 75 mil a cada 30 dias, e são repassados outros R$ 25 mil diretamente a cada presidente.
O “mensalinho”, que atualmente tem o pomposo nome de Programa de Assistência às Federações, foi instituído em 1993 pelo então presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Oficialmente, destina-se a ajudar as federações a funcionar, pois elas organizam torneios de base e feminino, entre outros, e não têm receitas de patrocínios e de competições.
É fato que a maioria delas não tem fontes de renda consistentes. É ainda que nenhum presidente de federação, são 27 ao todo, vota contra o candidato da situação. No máximo se abstém. Mas isso não ocorreu na eleição de Rogério Caboclo. Ele teve o voto das 27 sedes estaduais.
O candidato, aliás, é único desde 1989, quando Ricardo Teixeira foi eleito pela primeira vez. Não há oposição. E se há, ela é rapidamente neutralizada. Para a fidelidade dos presidentes das federações também contribuem afagos ao ego, como convidá-los para chefiar a delegação da seleção em amistosos – com as despesas pagas.
Além de mimos como o convite feito no ano passado para um giro de duas semanas na Rússia, por ocasião da Copa, para reuniões institucionais e atividades de acompanhamento da organização do evento, de maneira que pudessem conhecer coisas novas para implementar em suas administrações. Caboclo tem fama de mão fechada. Mas deverá manter a mesada das federações, pois é “leal e grato” aos que o acompanham. (Estadão Conteúdo)