Diretor-geral da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Carlos Correa, falou sobre a falta de produtos causada pelos bloqueios nas estradas e detalhou as medidas para combater o desabastecimento
Em todo o país, bloqueios nas rodovias feitos por bolsonaristas que contestam o resultado da eleições têm afetado o fornecimento de produtos em postos de gasolina, supermercados, indústrias e hospitais.
Nesta quinta-feira, 3, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o diretor-geral da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Carlos Correa, que falou sobre a falta de produtos nos mercados e tranquilizou os consumidores ao declarar que o abastecimento deve ser normalizado nos próximos dias: “Como o movimento hoje está controlado, nós acreditamos que rapidamente nós vamos voltar a ter totalidade dos produtos nos supermercados”. Para o representante do setor, os supermercados tiveram um grande aprendizado na última greve dos caminhoneiros e na pandemia, o que facilitou uma ação rápida e efetiva para que não faltassem produtos nas gôndolas: “O nosso segmento tem uma estrutura de logística muito importante e é um ativo da nossa sociedade. Nós passamos durante o período da pandemia fazendo todo o abastecimento, bem como na última greve dos caminhoneiros que houve anteriormente. O que faz com que nós tenhamos alguma experiência na maneira de tratar este problema”.
“Importante dizer que o setor de supermercados sempre se preocupou com o abastecimento e, nestes dias, quando começamos a ter o problema das interdições, os supermercados buscaram alternativas para que o consumidor tivesse um menor sofrimento”, afirmou. De acordo com Correa, produtos in natura, como carnes, leite, hortaliças e frutas foram os mais afetados pelos bloqueios bolsonaristas. Entretanto, em São Paulo, a grande oferta de rotas alternativas foi um fator que ajudou na mobilização para driblar o problema: “As empresas têm diversos centros de distribuição que são próximos dos pontos de vendas. A Apas tem associada a ela 4,5 mil pontos de vendas. Estradas como o rodoanel, as marginais e as grandes estradas que vão para o interior têm a possibilidade de ter um caminho interno. Em um momento inicial, os caminhões ficaram parados nas barreiras, mas em um segundo momento começou-se a fazer o abastecimento internamente pelas cidades e com caminhões menores”.
O diretor-geral da Apas ressaltou que o aprendizado que os supermercados tiveram na pandemia e na greve dos caminhoneiros fez com que o setor trouxesse “tranquilidade para o consumidor”: “Nós não vimos uma corrida às lojas com a preocupação de falta de produtos. Isso fez com que não fosse necessário aumentar a estrutura dentro de lojas para atender esse fluxo. Desta maneira, não dá para nós falarmos em prejuízo porque houve uma pequena antecipação de recebimento por parte dos fornecedores que eram passíveis de entregar. E, com isso, sobra mais espaço na administração dos estoques de supermercados, para que ele aumente a velocidade de recepção dos produtos”.
“Alguns supermercados têm o seu próprio centro de distribuição, então ele tem uma velocidade e tinha já um estoque intermediário. Então, foi pouco afetado já que o movimento está controlado. Outros supermercados menores têm a flexibilidade de usar o seu carro menor para fazer o abastecimento de um produtor que seja próximo. Desta maneira, não conseguimos mensurar um prejuízo imediato (…) Houve um sofrimento, mas há uma maturidade do setor para tratar disso. Acreditamos que em poucos dias vamos ter resolvido a totalidade dos problemas”, projetou o representante do setor.
A respeito da possibilidade de aumento dos preços dos produtos nos supermercados, Correa declarou que é possível uma certa correção devido à baixa oferta de certos produtos. Contudo, o diretor-geral da Apas espera que o valor das mercadorias volte ao normal em breve: “Preocupação com os preços é evidente. Estamos em um momento que a população tem uma dificuldade maior de renda e, atentos a isso, quando temos uma oferta menor logicamente o preço sobe. É importante que o consumidor entenda que produtos que ainda estiverem em processo de abastecimento no supermercado, em um ou dois dias, da mesma maneira que esses preços subiram, eles vão voltar se a oferta aumentar (…) De forma que a regularização de preço vai se dar. Não há nenhuma questão adicional para manutenção de aumento de preços (…) E o consumidor tem escolhas nas lojas e supermercados para que ele possa passar esse período sem ter que despender valores maiores nas suas compras”.