Notícias promissoras para quem não abre a mão de um drinque: um estudoconduzido pelo cientista David Nutt desenvolveu um álcool sintético, batizado de “Alcarelle”, que teria o potencial de proporcionar os benefícios de se consumir uma bebida alcóolica sem ter de se enfrentar uma ressaca — ou até mesmo alguns tipos de câncer relacionados com a substância. Nutt é um neuropsicofarmacologista especializado na pesquisa de drogas que afetam o cérebro e condições como vício, ansiedade e sono. Ele acredita que conseguiu fazer com que a molécula de álcool sintético interagisse de modo a evitar os seus efeitos colaterais.
“Nós sabemos qual local do cérebro é responsável pelos ‘efeitos bons’ e ‘ruins’ e quais receptores mediam esses processos: ácido gama-aminobutírico (Gaba), glutamato e outras substâncias como serotonina e dopamina”, contou ao jornal britânico The Guardian. O cientista quer ainda acrescentar um “efeito em pico” na molécula de álcool sintético para proporcionar um “barato”, mas evitando que o usuário, ao consumir a substância, fique bêbado.
O projeto começou cedo na carreira do inglês — em 1983, quando ele era um estudante de PhD, e descobriu um antídoto ao álcool, uma fórmula que revertia o estado da embriaguez. Ele chegou à descoberta através de experimentos com ratos, que receberam receptores de ácido gama-aminobutírico, ficando sóbrios. O efeito primário do álcool, segundo o pesquisador, é estimular os receptores desse ácido, que “acalmam” o cérebro quando estimulados.Mas o antídoto desenvolvido por Nutt não pôde ser administrado para uso clínico, pois se alguém o tomasse sóbrio, sofreria sérias convulsões.
O que Nutt sabe agora é que há 15 tipos de receptores diferentes em diversas áreas cerebrais e a partir disso ele diz ter encontrado quais receptores podem ser estimulados para diminuir o efeito do álcool no corpo. O objetivo do pesquisador é vender o álcool sintético para companhias que possam acrescentá-lo em suas bebidas. A invenção dele, no entanto, não tem gosto agradável e ainda não entrou na fase de testes. “O desafio real será fazer com que a molécula seja consumida. As questões regulatórias são muito piores do que as científicas”, afirmou. (Galileu)