Após demitir equipe segurança de mercado onde casal negro foi agredido, Carrefour diz que agressor não trabalha para a rede

Nesta segunda-feira (8), o agressor ainda não havia sido encontrado pela Polícia Civil, assim como as vítimas.

Foto : Divulgação

O homem suspeito de agredir um casal negro nas dependências de um dos supermercados Big Bom Preço, em Salvador, não trabalha para a Rede Carrefour, segundo a própria empresa. O caso foi registrado na sexta-feira (5), depois das vítimas suspostamente terem furtado sacos de leite em pó.

Nesta segunda-feira (8), o agressor ainda não havia sido encontrado pela Polícia Civil, assim como as vítimas. Nas imagens gravadas pelo próprio agressor, que viralizaram nas redes sociais, é possível ver que ele tem uma tatuagem na mão.

Segundo o vice-presidente de transformação em operação da Rede Carrefour, Marcelo Tardim, essa característica não bate com a de nenhum funcionário da empresa. Mesmo após essa identificação, a demissão da equipe de segurança foi mantida.

“As características do agressor não são compatíveis com a de nenhum colaborador próprio, ou terceirizado, que atue em nossa unidade”, disse Marcelo.

“Mesmo assim, nós não podemos aceitar que este ato de violência tenha ocorrido em nossas dependências. Por conta disso, na própria sexta-feira, realizamos o desligamento da liderança e do time de prevenção de perdas da loja, assim como rescindimos o contrato com a empresa terceirizada que fazia segurança na área externa da loja, onde ocorreu a violência”, complementou.

Inquérito

A Polícia Civil (PC) da Bahia informou ao g1, neste domingo (7), que vai abrir inquérito para investigar agressões sofridas por duas pessoas na parte externa de um supermercado, em Salvador, após elas suspostamente terem furtado sacos de leite em pó. O caso aconteceu na última sexta-feira (5) e as vítimas ainda não foram localizadas.

As imagens das agressões viralizaram nas redes sociais. Ainda não se sabe quem fez o registro, mas a suspeita é de que a filmagem tenha sido feita por um dos autores das agressões. Informações iniciais apontaram que os suspeitos eram funcionários do Big Bom Preço do bairro de São Cristóvão, o que foi negado pela Rede Carrefour, responsável pelo estabelecimento [veja nota na íntegra abaixo].

A PC informou, em nota, que não houve registro oficial do caso na 12ª Delegacia Territorial de Itapuã, porém, a unidade tomou conhecimento do crime através dos vídeos e iniciará as apurações dos fatos.

A empresa, entretanto, afirmou ter realizado “uma denúncia de agressão e lesão corporal à Polícia Civil”, que foi “foi registrada eletronicamente, com número de protocolo 2023/0000257096-0, e encaminhada à 12ª Delegacia Territorial – Itapuã”.

Ainda de acordo com a Rede Carrefour, membros da equipe de prevenção da loja e a liderança da unidade foram desligados após o episódio. Além disso, a prestadora de serviço que fazia a segurança da área externa teve contrato rescindido.

Tapas no rosto e xingamentos

O vídeo mostra um homem e uma mulher sendo xingados e agredidos com tapas no rosto. Em determinado momento da filmagem, ela mostra uma mochila com os sacos de leite em pó, assumindo o furto e argumentando que precisava dar o leite para a filha.

Ainda no vídeo, os apontados como suspeitos do furto são coagidos a falarem os próprios nomes e os nomes de suas respectivas mães. Não se sabe o que aconteceu com os dois, que não foram identificados, após o ocorrido.

O g1 e a TV Bahia entraram em contato com a Polícia Militar, que informou que não foi chamada para atender a ocorrência.

“Assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, empenhamos de forma imediata todos os esforços para apurar o ocorrido e tomar todas as medidas cabíveis. A primeira delas e fundamental foi, de forma proativa, realizar uma denúncia de agressão e lesão corporal à Polícia Civil, para que esse crime inaceitável seja rigorosamente apurado. Esta denúncia foi registrada eletronicamente, com número de protocolo 2023/0000257096-0, e encaminhada à 12ª Delegacia Territorial – Itapuã. Esta medida reforça o nosso compromisso de sermos incansáveis no combate a qualquer tipo de violência.

Em um vídeo que mostra o fato, é possível identificar que o agressor tem uma tatuagem na mão. No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências. Por isso, ontem mesmo desligamos a liderança e equipe de prevenção da loja. Reforçando nossa tolerância zero com a violência, inclusive nos cargos de gestão. Além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa, onde a violência ocorreu. Assumimos a nossa responsabilidade e tomamos medidas rápidas e duras.

É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando o contato da Jamille e do Jeremias para nos desculparmos pessoalmente, além oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário.” (G1)

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