Marcelle disputa a guarda do filho com o ex-marido, que é americano — Foto: Reprodução/ TV Bahia
Uma baiana é acusada pelo ex-marido, um médico norte-americano, de sequestrar o filho do casal, de 9 anos. Eles moravam no estado do Texas, que fica nos Estados Unidos, e a mulher voltou para o Brasil depois de ser agredida pelo ex-companheiro. Agora, Marcelle Guimarães enfrenta disputa judicial pela guarda do filho, em esfera internacional. Ela compartilhava a tutela do garoto com o pai da criança, Chris Brann. O casal se separou em 2012. No ano seguinte, Marcelle conseguiu a liberação de Chris para trazer a criança ao Brasil, para um casamento. Depois disso, ela e o menino não voltaram mais para os Estados Unidos. Segundo Marcelle, as agressões sofridas fizeram com que ela desistisse de retornar para o país onde morava. Ela, que voltou a residir em Salvador, apresenta documentos e fotos que comprovam as agressões que sofreu. “Ele é um homem doente. Precisa de muita ajuda e diversos terapeutas falaram isso. Ele me deu soco, eu não escutava. Ele arrancou meu cabelo. Ele quase quebrou meu braço. Quebrou televisões, quebrou computador, quebrou cadeiras. Foram anos assim. Quebrou celulares”, relata Marcelle. O ex-marido de Marcelle, no entanto, alega que a agrediu uma vez enquanto tentava se defender dela. Durante entrevista concedida para o Fantástico, no domingo (16), Chris deu sua versão para o caso. Ele disse que o casal tinha uma relação difícil, mas que não havia violência. “Eu concordo que a gente tinha uma relação muito difícil, mas de violência, assim como as pessoas pensam, não foi”, disse ele. O médico afirmou que chegou a bater no rosto de Marcelle, durante uma discussão. “Ela entrou no closet e começou com as acusações de sempre, disse que eu tinha outra mulher. Gritou: ‘você não é homem’. Nesse momento eu dei um tapa no rosto dela, uma vez. Eu [me] senti muito mal por esse momento de dar um tapa, porque eu nunca fiz isso. Mas eu não sabia o que fazer. Estava muito doloroso”, contou ele. No entanto, em um e-mail enviado à Marcelle o médico confessa outras agressões. Em trechos do documento, traduzidos para o português, ele diz: “gritei, xinguei, impedi a saída de casa, empurrei no chão, na cama… bati em sua cara com as minhas mãos… puxei o cabelo…”. De acordo com o advogado dele no Brasil, Sérgio Botinha, ele fez o documento como um pedido de desculpas à Marcelle. “Ele fez esse documento de boa-fé. Seria interessante que as pessoas percebessem que ele, ao escrever esse e-mail, estava fazendo uma prova contra si próprio. Quando fez isso, fez para pedir desculpas para ela”, disse. A mulher conta ainda que o casamento durou menos de cinco anos. Enquanto esteve junto com Chris, ela passou por terapias e grupos de apoio entre vítimas de violência. “Quando eu me separei, meu filho tinha acabado de completar três anos. Foram menos de cinco anos de casamento. Durante o período de casada, houve as terapias, a violência foi progredindo. Houve todo um histórico que foi acontecendo. Não foram dez, quinze anos. Eu fui para muitos grupos de mulheres, de apoio”, lembra ela. Marcelle afirma, ainda, que o filho do casal presenciou algumas agressões. O advogado do ex-marido nega. “Isso não é verdade. Não há confissão nesse sentido, porque não é verdade. Houve intercorrências conjugais, brigas conjugais nas quais ela também empurrava dele, ela agredia os seus órgãos genitais, mas isso não ocorreu na frente do menor”, disse Sérgio. (G1 Bahia)