Greta Garbo, quem diria, foi parar no Irajá. O texto de Fernando Mello é de 1973 e virou uma das comédias mais bem sucedidas do teatro brasileiro desde a década de 70. No mesmo ano da primeira montagem, o Barcelona apresentou Johan Cruyff, com sua tradicionalíssima camisa azul e grená. Ninguém mexia no mais carismático manto do futebol espanhol, na época muito menos vencedor do que o branco do Real Madrid.

A primeira mexida polêmica na camiseta blaugrana deu-se em 1991, quando o contrato com a Kappa incluiu uma diferente listra branca na manga.

Mais marcante do que a listra foi a sucessão de vitórias do DreamTeam , que agora tinha Cruyff como técnico. Quando acabou aquela era, a troca da Kappa pela Nike fez voltar o manto tradicional, até que em 1998, no início da temporada do centenário, o Barça lançou a camiseta com metade azul e metade grená, como na fundação.

Rivaldo foi bicampeão dirigido por Louis Van Gaal, mas o segundo troféu já veio de novo com as listras da tradição, largas em blaugrana. Depois de Ronaldinho e das listras finas da temporada 2005/06, de conquista da Champions League, o Barcelona passou a mudar os modelos de camisa de forma mais radical. De positivo, ficou o fato de, ao ver uma foto, é possível identificar o ano, como se fosse um apaixonado por carros do passado, que sabe o ano e o modelo pela simples colocação de uma lanterna.

Mas há abusos, ataques ao rosto histórico do Barcelona. A camisa de listras horizontais da temporada 2015/16, com que Neymar fez gol de placa no Villarreal, ou a camiseta quadriculada, como a da seleção da Croácia, só que em azul e grená, vestida atualmente. Nada a ver com o Barcelona, exceto as cores. É justo mexer na largura das listras, nos detalhes, mas já imaginou o Flamengo vestido com listras verticais?

Pois não é que com tantas reviravoltas do mundo globalizado, em que vender indica muitas vezes mudar a história de um clube, o Barcelona agora lança para a temporada 2020/21 a emblemática camiseta do… Madureira! Em listras azuis e grenás separadas por frisos amarelos, como se fosse o Tricolor suburbano, que venceu o Fluminense por 4 x 1 nas Laranjeiras, em 1941. Logo agora que o Madureira prefere jogar todo de amarelo…

Ah, sim, o amarelo remete à Catalunha. Era mais bonito quando o Barcelona usava as cores da Senyera, a bandeira catalã, nos uniformes de visitante e espalhava pelo mundo a admiração pelo azul e grená.

Quando a crise do coronavírus terminar e o Campeonato Espanhol se concluir, Lionel Messi vestirá, em 2021, o manto mais carismático e tradicional do subúrbio do Rio de Janeiro com suas listras azuis e vermelhas divididas por frisos amarelos, como quando lá jogava o Jajá de Barra Mansa, Jair Rosa Pinto, nascido mesmo em Quatis. Com a mesma perna esquerda e vestindo o mesmo manto, lá estará Lionel Messi. Só que jogando no Camp Nou. (Globo Esporte)