Brasil pode ter 2 milhões de casos de autismo, de acordo com a OMS

Registros de TEA aumentaram 280% no País, entre 2017 e 2021, segundo o Censo Escolar

Foto: Rafaela Araújo | Ag. A TARDE

Entre 2017 e 2021, o Censo Escolar do Brasil registrou um aumento de 280% no número de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados na rede pública e rede particular de ensino. Dados mais realistas sobre o número de pessoas com autismo no País serão divulgados pelo Censo de 2022 somente em 2024. No entanto, estimativas já destacam a necessidade de implementar políticas específicas e garantir o acesso gratuito à rede de saúde para esse público. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que possam existir dois milhões de autistas no Brasil.

Iara de Menezes Pereira é psicóloga e mãe de Benjamin, de 9 anos, que tem TEA. Ativista da causa PCD e coordenadora regional do Instituto Lagarta Vira Pupa – que promove ações de inclusão em Salvador – ela aponta a essencialidade de um diagnóstico precoce para os neurodivergentes como um todo. “As terapias precisam começar o mais cedo possível. Imagina uma mãe que não consegue ter o seu filho diagnosticado? Esperamos que esses novos centros realmente se tornem realidade”, torce ela.

Esses novos centros são os CERs, Centros Especializados de Reabilitação que tiveram a construção anunciada pelo Governo do Estado, através da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), no último dia 4. Serão 15 unidades de saúde atendendo exclusivamente pessoas neurodivergentes. Hoje, em Salvador , há o Centro de Referência Estadual para Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (CRE-TEA), que atende pacientes com TEA, e capacita profissionais de saúde e educação que atuam junto a pessoas autistas. O Centro, no entanto, não dá mais conta da demanda.

Por isso a importância da criação desses CERs, aponta o psiquiatra especialista em infância e adolescência, Ivan Araújo, que também é diretor médico do grupo Ápice, professor de psiquiatria da Unifacs e faz parte do grupo operacional que está formulando os programas de atendimento e tratamento dos centros – seu foco está na psiquiatria infantil. E esse aumento de pessoas diagnosticadas com TEA, sinaliza o psiquiatra, está bastante ligado ao avanço dos estudos sobre o espectro autista.

Diagnóstico

“E com isso, os critérios que colocam a pessoa dentro do espectro também cresceram. Não é incomum que os quadros psiquiátricos dos adultos tenham início na infância, mas a falta de ajuda no tempo oportuno faz com que muitas janelas de intervenção sejam perdidas e os danos se acumulem. Assim, a importância maior dos CERs é ser esse espaço onde o diagnóstico é dado o mais cedo possível e as terapias são iniciadas. O nosso objetivo é criar um plano de vida para essas pessoas e não apenas um mero plano de sobrevivência”,  explica Ivan.

(A tarde)

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