“Eu vou usar o que, então?” Essa era uma das perguntas que Maria Pennachin, de 16 anos, mais escutava dos amigos quando dizia para eles não usarem mais canudinho plástico. Uma pergunta bastante pertinente, diga-se de passagem, já que faltam opções no mercado. “Canudos de vidro, bambu, inox e papel são mais caros mesmo e, como não há lei no estado de São Paulo que regulamente sua utilização, a substituição do plástico ainda não vale a pena para as empresas. Mas é extremamente necessário que esse tema seja divulgado, pois os canudos são pequenos e parecem banais, mas, assim como bitucas de cigarro e papeis de bala, fazem um estrago danado no meio ambiente“, garante a jovem que está no 2º ano do ensino médio.Maria sempre foi muito ligada ao meio ambiente e sempre gostou de estudar alternativas para minimizar os estragos humanos sobre a natureza. Contudo, foi só quando viu um vídeo em que uma tartaruga marinha é resgatada com um canudinho entalado no nariz que resolveu agir. No dia 31 de maio deste ano, criou as redes sociais do BioCanudo. No mês seguinte, o primeiro protótipo do projeto saiu do forno. “Eu já queria começar um trabalho de pesquisa, então juntei o que me incomodou, que, no caso, foi o vídeo, com minha vontade de colocar a mão na massa”, explica. A estudante aproveitou uma matéria que tem na escola de período integral, chamada Eletiva, em que treina para a profissão que quer exercer no futuro, para desenvolver o projeto do canudinho biodegradável. Depois de alguns testes, ela encontrou a solução em um ingrediente baratinho, que pode ser encontrado na feira: o inhame.
“Quando comecei a desenvolver o bioplástio, eu precisava colocar algum amido na massa e, como eu já mexia com inhame na cozinha de casa, achei interessante acrescentá-lo nos testes, já que ele solta uma baba interessante quando mexemos com ele”, conta Maria, que pretende cursar Engenharia Ambiental na faculdade, mas também não descarta a possibilidade de fazer Biologia. A adolescente, que mora em Campinas, conta que, na cidade, o quilo do inhame varia de R$ 4 a R$ 6. Em alguns lugares do Nordeste do país, ele sai por R$ 2. Como pretende produzir um dia o BioCanudo em larga escala, o mais barato se torna também mais comercial. “Quero ainda lançar uma linha vegana, com gelatina de alga, e uma infantil, com mais açúcar e uma aparência mais divertida”. Orgulho da escola e da família, Maria Pennachin ganhou o 1º lugar na FENECIT, feira de ciências do Nordeste. Prêmio garantiu à aluna uma vaga em uma feira expositiva em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em 2019. Quando questiona sobre o futuro, Maria sonha alto, mas com os pés no chão: “gostaria de ver o BioCanudo sendo produzido em uma escala industrial e depois ver as pessoas usando ele com consciência e com a ideia de que a substituição que ele trouxe faz parte também de uma reaprendizagem ecológica extremamente necessária, porque ou medidas como essa são tomadas ou precisaremos nos mudar de planeta“. Para aperfeiçoar o projeto e levar a ideia para fora do Brasil, contudo, a estudante e sua escola estão procurando patrocínio, já que a vaga na feira internacional está garantida, mas precisa de ajuda para custear a viagem. (Capricho)