Cachoeira: Sem São João, fornecedores de licor falam em alta de até 50% na produção e inovação de sabores

Foto: Rosival Pinto/Arquivo Pessoal

Os licores produzidos na cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, estão na lista dos mais conhecidos da Bahia e são marca registrada do período junino no estado. Este segundo ano sem São João, por causa da pandemia, não causou impactos negativos na produção das bebidas. Pelo contrário, os produtores revelam aumentos de até 50% na produção e uma alta média de 20% nas vendas.

“Este ano aumentou a produção, acredito que uma média de 50%. E teve um aumento de vendas também, pra mim, ele foi de uns 80%”, conta o produtor Vinicius Macarenhas, dono do Licor do Porto, que atua há cerca de 16 anos na fabricação e venda da bebida.
Rosival Pinto também fala sobre o aumento. Junto com três irmãos, ele administra uma das mais tradicionais casa de licor de Cachoeira, a Roque Pinto Licor, que foi do pai dele e existe na cidade há mais de 100 anos. Apesar das boas vendas, Rosival destaca que ainda é preciso muito trabalho para alcançar bons resultados.

“No meu caso houve aumento nas vendas de 20%, mas não houve um acréscimo de 20% na minha renda. Não houve aumento na renda, porque subiu várias coisas [matéria prima] e não repassamos isso para mercadoria. A gente [produtores] manteve o preço e com a margem de lucro menor, fazendo com que a gente ganhe esse aumento na quantidade de vendas”, explicou.

Mesmo sem ainda ver um acréscimo significante na renda, o registro de aumento na produção é unânime. Outra opinião comum dos produtores ouvidos pelo G1 é sobre as causas desse aumento. Eles acreditam que com a crise causada pela pandemia, muita gente perdeu o emprego e buscou o licor como fonte de renda.

“O pessoal acabou achando uma fonte de renda para revender. Pelo que percebo aqui no meu negócio, 90% é para revender e não para consumir aqui. As pessoas que compram em quantidade ganham desconto. Tem muita gente desempregada e que está conseguindo fazer um dinheiro com licor desde março. Porque quem revende, está comprando há um tempo, mas as pessoas que vêm em busca para consumo próprio, aparecem mais a partir de maio”, diz Vinícius Mascarenhas.

Assim como Vinícius, Rosival acredita que o desemprego pode ter sido uma das causas do aumento da procura do licor.

“Aumentou o consumidor. Não sei se as pessoas estão mais tempo em casa à procura de fazer algo que gere renda ou se por causa da falta de emprego que as pessoas começaram a procurar o licor pra revender. A gente tem observado esse movimento de aumento, inclusive de pessoas que estão sem trabalho”, disse.

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