Sete em cada dez trabalhadores autônomos brasileiros gostariam de ter um emprego com carteira assinada, mesmo sete anos após a reforma trabalhista de 2017. A reforma, que alterou mais de cem aspectos da CLT e incentivou a informalidade, prometia a criação de 6 milhões de empregos, mas a realidade mostrou um cenário diferente. Em vez de reduzir o desemprego, a taxa continuou alta, atingindo 14,9% em março de 2021 devido à crise econômica e à pandemia.
A pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da FGV revelou que, entre os 25,4 milhões de autônomos no Brasil, 67,7% desejam a formalização de seus vínculos empregatícios. Esse desejo é ainda mais pronunciado entre os trabalhadores com menor renda, com 75,6% daqueles que ganham até um salário mínimo e 70,8% dos que recebem entre um e três salários mínimos preferindo empregos formais.
Os autônomos enfrentam insegurança financeira significativa, com apenas 45% conseguindo prever sua renda para os próximos seis meses, em comparação com 67,5% dos trabalhadores com carteira assinada. Além disso, 19,8% dos autônomos têm salários que podem variar mais de 20% de um mês para o outro, enquanto essa variação afeta apenas 4,7% dos empregados formais.
A reforma trabalhista também enfraqueceu os sindicatos e dificultou a reclamação de direitos trabalhistas, além de permitir o parcelamento de férias e dar prioridade aos acordos individuais sobre a legislação. Embora a intenção fosse flexibilizar o mercado de trabalho e reduzir o desemprego, a promessa de criação de empregos não se concretizou conforme o esperado.