A Bahia é o segundo estado com maior número de facções criminosas do país, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2018. Atualmente, seis grupos comandam atividades ligadas ao tráfico de drogas nas cidades baianas: Bonde do Maluco, Catiara, Comando da Paz, Mercado do Povo Atitude, PCC e Quadrilha do Perna.
Os grupos criminosos voltaram a chamar atenção do país no início na semana, quando um racha entre as facções Família do Norte (FDN) e Comando Vermelho (CV) provocou a morte de 55 pessoas em quatro presídios no Amazonas.
Para o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Luiz Cláudio Lourenço, “o grande número” de facções no estado tem a ver com a divisão que ocorreu entre o Comando da Paz e a Quadrilha do Perna, nos anos 2000.
“Quando esses grupos se separaram houve divisões. Por exemplo, o BDM, que é a facção que mais cresce hoje, é uma ramificação do Comando da Paz”, explica Lourenço, que é pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Crime e Sociedade (Lassos).
O professor explica que, na Bahia, depois que as facções se separaram cada um dos grupos criou as próprias regras e autonomias. “Isso também fez com que não se formasse uma grande facção no estado. A gente observa que os grupos atuam de maneiras diferentes, até mesmo dentro da própria facção”, afirma.
O pesquisador também diz que o modo de combate do estado contribuiu para o crescimento dos grupos baianos. “O enfrentamento ajudou, porque os líderes iam morrendo e os grupos começaram a fundar outras facções. É como se fosse uma hidra, porque se mata um e nascem dois”, fala.
Ao bahia.ba, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) disse que monitora os grupos, mas que não “fornece nenhum tipo de informação sobre facções”.
Na Bahia, os conflitos são fora da cadeia
Diferente do estado do Amazonas, na Bahia, as facções criminosas costumam ter mais conflitos fora dos presídios. No último dia 18 de maio, uma chacina deixou cinco pessoas mortas no bairro de Portão, em Lauro de Freitas. O crime, segundo a SSP, está relacionado com a disputa de duas facções criminosas que atuam na região.
De acordo com Luiz, os grupos criminosos baianos “ganham mais fora do que dentro da cadeia no estado”. (Bahia.Ba)