A costureira Selma de Jesus, de 38 anos, é uma das milhares de pessoas que ficaram desabrigadas em Ilhéus em decorrência das fortes chuvas que atingem o sul da Bahia. Ao BNews, nesta quarta-feira (29), ela confessou ter pensado que morreria quando sua casa estava desabando.
Selma contou que tinha acabado de fazer uma cirurgia, que preferiu não detalhar, e não conseguia andar para fugir da situação.
“Eu estava recém-operada, sem andar, e por isso não tinha condições de me salvar do desabamento. Estava sentada em uma cadeira e lá fiquei. Fechei os olhos e comecei a chorar. Naquele momento achei que fosse morrer”, desabafou a costureira.
Selma foi resgatada por bombeiros pouco antes de sua casa desmoronar parcialmente. Ela foi retirada do local em tempo e não teve nenhuma consequência física.
“Quando chegaram, não acreditei, porque não tinha conseguido acionar nenhum tipo de ajuda. Mas me salvaram e hoje estou bem”, contou ela.
Atualmente, Selma está alocada na Escola Municipal Nova Jerusalém, uma das 15 unidades de ensino que estão funcionando em Ilhéus como abrigo temporário para famílias que perderam suas casas.
“Me recuperei da cirurgia e voltei a andar. Agora me sinto mais segura. Aqui no abrigo todos estão passando pela mesma coisa, então nos fortalecemos”, relatou, emocionada.
Agora, a costureira vive o drama das incertezas. Sua residência, que não desabou completamente, já foi condenada pela Defesa Civil da Bahia (Sudec).
“Estou abrigada, no momento, mas não vai durar para sempre. É claro que fico aliviada por não estar sem um lugar para dormir e sem comida, mas fico sempre angustiada em pensar o que vem pela frente.”
Além da casa, Selma perdeu grande parte dos seus pertences, que levou a vida inteira para conquistar.
“Sempre fui humilde e trabalhei muito para comprar os meus móveis, eletrodomésticos. Em um só dia meus anos de trabalho foram embora”, lamentou a ilheeense.
Selma morava sozinha e foi para o abrigo sem família, diferente de muitos casos, como o do pedreiro Pedro de Jesus, de 56 anos, que chegou ao Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães com esposa e dois filhos.
“Quando a água bateu nos nossos pés dentro de casa, eu decidi que não ficaríamos mais ali. Levamos algumas coisas que conseguimos colocar em mochilas e saímos rápido. Foi aviso de Deus, porque horas depois a estrutura começou a cair”, detalhou ele, que agora dorme em uma sala improvisada com colchões.
“Ainda não pensamos no que vamos fazer. Estamos primeiro tentando assimilar o que aconteceu. É muita dor, mas vamos nos reerguer.”
O prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, já anunciou que haverá um auxílio para as famílias que perderam suas casas e seus bens, para que possam comprar ao menos o básico no primeiro momento. (BNews)