Dois PMs são denunciados por morte de cigano no sudoeste baiano

Adolescente de 15 anos foi um de oito ciganos que foram mortos pela polícia após morte de PM na região

Crédito: Reprodução

Os policiais militares Emerson Severo da Silva e Neilo Carlos Souza Silva foram denunciados nesta terça-feira (20), pelo Ministério Público, pelo homicídio do jovem cigano Lindomar Santos Matos, de 15 anos, em 2021, no sudoeste baiano. A denúncia é de homicídio qualificado por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima.

Lindomar foi morto em 30 de julho de 2021, no distrito de Lagoa Grande, em Aracatu. Segundo a denúncia, a motivação do crime seria intenção de vingar a morte de dois policiais ocorrida dias antes, em 13 de julho daquele ano, na zona rural de Vitória da Conquista, também no sudoeste baiano. Pelo menos oito ciganos foram mortos em sequência após o crime.

O cigano foi encurralado no cômodo externo de um bar na BA-142 e foi executado com dez tiros de fuzil, alguns à curta distância, sem dar nenhuma chance de defesa. O adolescente fugia da perseguição policial à sua família desde a noite anterior, diz a denúncia. Não há registros de que Lindomar tenha cometido qualquer crime que justificasse a busca policial contra ele, que contou com até quatro equipes.

A perseguição policial teria começado após um morador negar abrigo ao jovem cigano e chamar a polícia – segundo o MP, “evidenciando que os policiais já sabiam previamente a identidade do rapaz”,

Os PMs alegaram ter atirado quatro vezes, à distância, na direção do adolescente, diferente do que apontaram os laudos. O local do corpo onde Lindomar foi atingido também difere do relato dos PMs – a perícia mostrou que pelo menos dois dos tiros foram pelas costas. A cena do crime também foi alterada, afirma o MP, com a retirada do corpo de Lindomar já morto para se forjar uma falsa prestação de socorro até um hospital da região.

“Os denunciados tinham a intenção clara e evidente de executar a vítima, considerando a desproporção da força utilizada pelos agentes públicos contra o adolescente, os quais deveriam saber dosá-la, se realmente houvesse a intenção de apenas se defender. Ademais, estavam em superioridade numérica e portavam armas não letais capazes de imobilizar a vítima, facilitando a sua captura, sem alcançar o resultado morte”, diz a denúncia.(Correio)

google news