Um dos trabalhadores vítima de tortura pelos patrões, em Salvador, voltou a dar detalhes sobre o crime nesta quinta-feira (1º). Ele teve as mãos queimadas com o número 171, como “punição” pelo suposto furto de R$ 30 da empresa. O jovem nega que tenha roubado o dinheiro.
Além das mãos queimadas, William de Jesus também foi agredido com pauladas nas mãos e no corpo. Ele ainda tem hematomas nos braços. O colega de trabalho dele, Marcos Eduardo Serra, também foi agredido a pauladas.
Os dois trabalhadores denunciaram o caso à polícia. Os patrões, Alexandre e Diógenes Carvalho, foram ouvidos novamente pelo delegado Willian Achan na quarta-feira (31). Eles confessaram as agressões, mas alegaram que não torturaram os jovens. O delegado afirmou que ainda não há elementos para pedir a prisão dos patrões das vítimas, no curso das investigações.
“Brincaram comigo como se eu fosse um objeto. Acho que foi uma hora ou 40 minutos [de agressões], não sei, era muito doloroso para mim contar o tempo. Passei por muita dor e muito sofrimento. Eu pedi a todo instante para ele parar, pedia a todo momento pela minha vida e ele só me agredia. Quando ele queimou, no olhar dele, ele estava feliz”.
“Vão ficar essas cicatrizes para o resto da minha vida e dói muito ainda. Dói, dói demais ainda”.
As duas vítimas foram atacadas na própria loja onde trabalhavam, em uma emboscada armada pelos patrões. Cada um dos funcionários foi agredido em um dia diferente. William conta como aconteceu com ele.
“Eles me chamaram para trabalhar. Aí quando eu cheguei lá, já era uma emboscada. Começaram a falar que eu estava roubando, aí começaram as agressões, tanto física quanto verbal, fizeram aquela tortura. Só eu sei o que eu passei”. (G1)