Apesar de ser a demência mais comum, o Alzheimer ainda é um mistério para a medicina. A doença é causada por muitos fatores e interações complexas, e os cientistas acabam de dar mais um passo para entender como ela funciona. Em dois estudos, pesquisadores americanos conseguiram descobrir por que a condição atinge mais mulheres: e a resposta está nos hormônios.
Na primeira pesquisa, feita por cientistas da Universidade de Chicago e publicada em 21 de janeiro na revista Scientific Reports, experimentos com ratos mostraram que a presença de estrogênio, o hormônio feminino, está relacionada à formação das placas de proteína beta amilóide no cérebro. O quadro é um dos mais característicos do Alzheimer e está relacionado aos principais sintomas da doença.
Quando a produção de estrogênio foi cortada nas ratinhas, a quantidade de placas diminuiu. Os pesquisadores também observaram que quando os animais foram estimulados a desenvolver uma doença parecida com o Alzheimer e tomaram antibióticos que mexeram com a microbiota intestinal, os níveis de estrogênio subiram.
“Parece que o hormônio é o motor das mudanças que vemos na patologia do Alzheimer, mas também percebemos que o microbioma está em mudança. As duas coisas parecem estar conectadas”, explica o neurobiólogo Sangram Sisodia, em entrevista ao site da universidade.
“Percebemos que os níveis de estrogênio sempre têm um impacto na deposição de amilóides. Se você retira a fonte de hormônio dos ratos em um estágio inicial, as placas desaparecem. É impressionante”, afirma Sisodia.
Remédio contra Alzheimer
Na outra pesquisa, publicada na revista Molecular Neurodegeneration em 17 de fevereiro pela mesma equipe, um medicamento para Alzheimer chamado oligomanato de sódio foi testado em ratos. O remédio reduziu os depósitos de proteína beta amiloide e alterou o microbioma só nos animais machos, mostrando que algo nas fêmeas afeta os marcadores biológicos da doença.
Como cortar o estrogênio não é uma solução viável, os pesquisadores esperam ampliar a pesquisa para encontrar maneiras mais eficazes ou rever práticas para tratar o Alzheimer corretamente.
Fonte: Metrópoles