Ex-funcionários de três terceirizadas que prestavam serviços à montadora Ford fecharam os dois sentidos da Via Parafuso, na região de Camaçari, em manifesto ao não pagamento de verbas rescisórias e demais indenizações trabalhistas. O grupo tocou fogo em pneus, na manhã desta sexta-feira (18), para dificultar a passagem de veículos. O trânsito está congestionado no local. A Polícia Militar acompanha o ato.
A Ford fechou há pouco mais de um ano e, conforme reportagem ‘Efeito Ford’ – publicada na edição de quinta-feira (17) do Jornal da Metropole – a ausência da montadora teve fortes efeitos na cadeia industrial da Bahia e, consequentemente, na economia do estado, que encerrou 2021 com o pior rendimento em 18 anos.
Efeito Ford
À sombra da Bahia, o município de Camaçari — cuja receita perdeu R$ 30 milhões do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e mais R$ 100 milhões de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) — sente proporcionalmente os impactos do declínio. O prefeito Antônio Elinaldo (UD) aponta o desemprego, para além da arrecadação, como um dos principais problemas desencadeados.
“Porque [o desemprego] afeta o município em cadeia. O comércio, serviços, o setor educacional, com o cancelamento de matrículas”, comenta o gestor, ao estimar a circulação de R$ 20 milhões a menos, desde o fechamento da Ford. À reportagem, Elinaldo frisa o compromisso de trabalhar “diuturnamente para atrair novos investimentos e gerar emprego e renda”, a partir de estratégias como programas de investimentos, a fim de atrair empresas de segmentos diversos para a cidade.
O tempo de recuperação do setor industrial da Bahia, de forma geral, está diretamente ligado ao segmento, sinaliza o economista João Paulo Caetano. “Há a possibilidade de que uma nova empresa tenha resultados até superiores ao da Ford, se a produção atender aos bens finais, por exemplo”. Os bens finais produzidos pela indústria de transformação são materiais prontos para o consumo, e tendem a influenciar na cadeia econômica a um prazo mais curto. (Metro1)