Falência de clubes marca início de temporada na Itália

Foto: Reprodução

Ao menos nove clubes das três principais divisões do futebol italiano, de grande e pequena expressão, não conseguiram escapar neste ano de um destino tão recorrente entre os times do país: a falência. Avellino, Bari, Cesena, Akragas, Modena, Mestre, Reggiana, Vicenza e Fidelis Andria entraram em uma estatística negativa da Itália, que mostra que, desde a quebra da Fiorentina, em 2002, mais de 153 clubes italianos fecharam suas portas, segundo o jornal “la Repubblica”. Vítimas de má gestão financeira pelos seus donos, todos eles terão de recomeçar do zero a partir da atual temporada, assim como o Parma, em 2015, que precisou voltar à Série D (liga amadora) do Campeonato Italiano. Nenhum clube parece isento da quebra: dos 16 que já conquistaram a Série A, nove faliram ao menos uma vez em sua história. Em alguns casos, os times conseguiram se reerguer, como Bologna, Fiorentina e Napoli, já outros estão até hoje tentando recuperar o prestígio, como Casale e Novese. Entre os 20 clubes que disputam nesta temporada a principal divisão do Campeonato Italiano, 10 já faliram. Diferentemente do Brasil, onde grande parte dos times de futebol são associações sem fins lucrativos, na Itália, a maioria dos times são empresas – às vezes até de capital aberto – que estão sujeitas a entrar em falência, da mesma forma que qualquer outra companhia. O primeiro caso mais famoso de falência no país ocorreu em 2002, com a Fiorentina. A Viola tinha dívidas avaliadas em até US$ 50 milhões, além de ser acusada por jogadores e funcionários de não pagar salários. Como resultado, o clube caiu para a quarta divisão (Série C2, na época). O problema não era algo novo, mas acontecia normalmente com clubes de menor expressão. Na mesma década em que a Fiorentina foi à bancarrota, Alessandria (2003), Ancona (2004), Foggia (2004), Lecco (2002) e Perugia (2005) também quebraram. Outro caso emblemático é o do Parma, que faliu duas vezes (2004 e 2014). Após conquistar três Copas da Itália e quatro títulos internacionais, o clube quebrou ao ser surpreendido pelo colapso financeiro de sua patrocinadora, a Parmalat. Após os dois casos, o então presidente do Comitê Olímpico Italiano (Coni), Gianni Petrucci, criou a “Lei Lodo Petrucci”, que visava a evitar o desaparecimento de clubes. A medida fez com que os novos times fossem reconhecidos como herdeiros dos títulos esportivos daqueles que faliram, desde que cumprissem algumas regras, como mudar de nome e escudo, por exemplo. No entanto, a lei foi alvo de muitas críticas por facilitar para empresários sem nenhum preparo administrarem os clubes apenas para lucrar em cima de sua tradição, levando novamente muitos times à falência. Em 2014, quase mil clubes – entre amadores e profissionais – fecharam suas portas, e a lei foi abolida. Normalmente disputada por 22 equipes, a Série B terá nesta temporada três times a menos, por conta das falências do Bari, Cesena e Avellino. Devido ao número impar de clubes, pelo menos um “folgará” a cada rodada do torneio. Times como Novara, Catania, Siena, Ternana e Pro Vercelli tentaram obter a promoção para a Série B na Justiça, com o objetivo de ocupar as vagas deixadas por Avellino, Bari e Cesena. No entanto, a Federação Italiana de Futebol (Figc) não aceitou os recursos. Já a Série C, também afetada por falências, está prevista para começar em 16 de setembro. A terceira divisão do futebol italiano será dividida em três grupos (norte e centro-leste, norte e centro-oeste e sul) com 20 equipes em cada um, mas Andria, Mestre, Reggiana e Vicenza foram à falência. Para ajudar a competição, a Juventus inscreveu seu time B para disputar o torneio. (ANSA)

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