Fifa divulga dados de público maiores que capacidade dos estádios; entenda polêmica

Foto: Divulgação

Deu no álbum da Copa: dos 8 estádios dedicados à competição, 6 têm capacidade para 40 mil pessoas; o Al Bayt, palco da cerimônia de abertura e do primeiro jogo, para 60 mil; e o Lusail, que receberá a final, é o maior deles e comporta 80 mil torcedores.

No entanto, foi só começar a competição para as súmulas oficiais disponibilizadas no site da Fifa apresentarem um espetáculo do crescimento nas lotações. De acordo com a organização do Mundial, a primeira partida da Copa, no domingo (20) –Qatar 0 x 2 Equador–, foi assistida por 67.372 pessoas, cerca de 12% acima da capacidade original do estádio Al Bayt.

No dia seguinte, a Inglaterra massacrou os iranianos por 6 a 2, com show de Saka testemunhado por 45.334 torcedores no estádio internacional Khalifa, pouco mais de 13% além dos 40 mil.

A estreia do Brasil no gigante Lusail recebeu oficialmente 88.103 torcedores, maior público do Mundial na primeira rodada –91 a mais que na derrota da Argentina diante da Arábia Saudita.

Com a realização dos dois jogos do Grupo H e o fim da primeira rodada, apenas três partidas tiveram público abaixo da capacidade originalmente divulgada: o empate de 0 a 0 entre Marrocos e Croácia, para 59.407 pessoas, no Al Bayt; mais um 0 a 0, em México x Polônia, quando 39.369 torcedores tiveram o privilégio de ver Lewandowski perder um pênalti, no Estádio 974; e a vitória magra da Suíça contra Camarões, para 39.089 pessoas, no Al Janoub.

Os números inflados geraram questionamentos à Fifa, que postou em suas redes sociais uma nova lotação para cada uma das arenas da Copa com uma precisão cirúrgica.

O Lusail, por exemplo, teve a capacidade revisada para exatos 88.966, nenhum a mais, nenhum a menos. Na nova conta divulgada pela entidade, todas as oito arenas ganharam mais de 10% de capacidade. Os que mais cresceram percentualmente foram o Al Bayt, que pulou para 68.895, e o Internacional Khalifa, que agora comporta 45.857, ambos com mais de 14% de reajuste.

De acordo com o jornal inglês Guardian, fontes próximas aos organizadores disseram que os qatarianos descobriram que o espaço destinado às equipes de transmissão, à mídia e aos patrocinadores foi de fato menor do que o estimado inicialmente. Por isso sobrou mais área para assentos para o público geral.

Os números que a entidade divulga para lotação de cada jogo estão relacionados aos ingressos vendidos, como acontece em outros eventos esportivos.

Portanto, a explicação mais simples é a de que torcedores que compraram ingressos não entraram no estádio. Também pode haver relação com espaços destinados a patrocinadores e convidados, que decidiram não comparecer.

De acordo com a entidade, os qatarianos foram os maiores compradores de ingressos para o torneio, com 947.046 tíquetes. O segundo colocado nesta lista são os americanos, com número bem inferior, 146.616, seguidos pelos sauditas, único país que faz fronteira com o Qatar, com 123.228. Só os três têm números acima de cem mil. O Brasil é o nono deste ranking, com 39.546 ingressos comprados –não dá para encher um estádio.

Mas há outra questão que a Fifa ainda não conseguiu explicar. Mesmo com as capacidades revistas, os públicos parecem muito diferente do que se vê nas transmissões, com estádios cheios de espaços não ocupados.

“A partida entre Camarões e Suíça [público oficial de 39.089] chamou muito a atenção de quem estava presente. Os buracos nas arquibancadas eram enormes e, na melhor das hipóteses, o estádio tinha metade da lotação ocupada”, conta Alex Sabino, repórter da Folha de S.Paulo presente no Qatar. Com a capacidade revista, o Al Janoub pode receber 44.325. Ou seja, deveria estar quase lotado.

Outra partida que chamou a atenção pelos grandes buracos foi Holanda e Senegal, apesar do registro de mais de 90% de ocupação. (BN)

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