A chegada de Ivete Sangalo no último sábado (22), no Corredor da Folia na festa de celebração aos 30 anos do Fortal, foi desesperadora para alguns fãs da cantora. O que era comemoração virou momento de ansiedade e pânico para quem esteve presente no local.

O Bahia Notícias conversou com um folião, que preferiu não ser identificado, sobre a situação que rendeu imagens negativas de uma das maiores festas de Fortaleza (CE). Aqui, vamos chamá-lo de Paulo.

De acordo com Paulo, o trio de Bell Marques estava parado na frente dos camarotes quando o Village, bloco de Ivete, começou a sair. Os foliões do Village ainda solicitaram que os portões fossem abertos para passagem do bloco, mas não foram ouvidos.

“Nós pedimos para eles avançarem porque tinha gente sendo pisoteada. Eles não cederam e a multidão acabou arrebentando tudo. Eu fiquei imprensado numa barreira de metal e comecei a ser pisoteado”, relata Paulo. “Fiquei muito assustado, achei que ia morrer, foi muito traumático”, continua.

O folião ainda conta que teve ajuda de “forma geral”, mas que pela quantidade de pessoas sendo pisoteadas, não foi suficiente.

“No meu lado tinha gente ferida e ninguém ajudou. Quando eu vi o dono do bloco Village passando pedi que ele ajudasse a mim e aos outros que estávamos feridos, ele foi grosso e disse que estava indo pra fazer o bloco seguir, meu amigo não gostou da resposta e começamos a discutir com o dono do bloco”.

Paulo ainda conta que os seguranças fizeram um cordão de isolamento e ele não conseguiu sair para buscar ajuda.

“Tentei sair mostrando que estava machucado e não deixaram. O pronto socorro ficava logo mais à frente. Só consegui ir depois de 25 minutos quando o bloco chegou perto de lá”, lembra.

Ao chegar no pronto socorro do evento, Paulo conta que não havia o suporte necessário para os feridos no acidente.

“Havia dezenas de feridos para uma médica e três enfermeiras. Meu caso e vários outros não foram notificados porque alegaram que estavam cuidando de casos mais graves. Não havia ninguém do bloco lá. Só jogaram um produto no meu corpo, passaram gases e mandaram eu ir embora. Enquanto isso, presenciei uma folia numa maca chorando de dor com pé quebrado. Uma pessoa da produção do Fortal, não do bloco, porque lá não tinha ninguém do bloco mesmo lotado de feridos, disse que se uma pessoa quisesse ser transferida teria que pagar ambulância com plano de saúde privado, caso tivesse. Que eles não arcariam com a ambulância. Havia uma sala fechada com os casos mais graves que eu não tive acesso”, relata.

Paulo ainda lamenta o fato e diz que saía atrás do trio de Ivete no Fortal, por se sentir mais seguro do que em Salvador e garante que não retornará ao evento.

“Depois do pronto socorro fui embora e vendi meus blocos de domingo pro primeiro cambista, jamais saio em bloco novamente, muito menos com Ivete, foi aterrorizante. Sempre foi muito mais tranquilo e seguro quando comparado ao bloco de Ivete em Salvador, tanto que não saio mais com ela em Salvador e tinha vindo pro Fortal pela sensação de ser mais seguro. Agora me aposentei de uma vez por toda de qualquer bloco. Blocos sempre superlotados potencializam risco de tragédias como essa, que poderia ser muito pior.”

Tanto Ivete quanto a organização do Bloco Village se pronunciaram nas redes sociais. A cantora garantiu que teve reuniões com responsáveis do bloco e que lhe foi assegurada a segurança dos foliões. O Village lamentou o ocorrido e informou que prestou todo apoio aos foliões. (BN)