Os medalhistas olímpicos Bruno Fratus e Poliana Okimoto fizeram coro com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e criticaram a postura da seleção brasileira masculina de futebol no pódio na Olimpíada de Tóquio. Os jogadores se recusaram a vestir o agasalho que exibia um dos principais patrocinadores do COB, entrando em conflito com a entidade olímpica.
“A mensagem foi clara: não fazem parte do time e não fazem questão. Também estão completamente desconexos e alienados às consequências que isso pode gerar a inúmeros atletas que não são milionários como eles”, escreveu Fratus, medalhista de bronze nos 50m livre em Tóquio, nas redes sociais.
O incômodo de Fratus se deve às possíveis consequências do ato dos jogadores de futebol. Por quebrarem o acordo de usar o uniforme do COB na cerimônia de premiação, quando conquistaram o ouro, os jogadores podem ter gerado um conflito jurídico com risco de trazer prejuízos milionários à entidade olímpica. Por consequência, afetaria o orçamento que ajuda a bancar as modalidades olímpicas no País.
Após conquistar o bicampeonato olímpico neste sábado, os jogadores de futebol subiram ao pódio com seus agasalhos amarrados na cintura e vestindo apenas a camisa de jogo. Pelas regras do COB, todos os atletas que estão nos Jogos de Tóquio, independentemente da modalidade, devem usar o material da Peak, patrocinadora da entidade, no pódio e nas cerimônias oficiais.
Mas os jogadores descumpriram esse acordo e vestiram apenas o uniforme de jogo, da Nike, patrocinadora da CBF. A reportagem do Estadão observou no estádio Internacional de Yokohama que oficiais da organização da Olimpíada pediram aos atletas que vestissem os seus agasalhos, ainda no túnel que dá acesso ao gramado. Além de ignorar a recomendação, teve jogador que chegou a ironizar o pedido.
“Um dos conceitos básicos do esporte é a disciplina, seguir as regras não deveria ser tão difícil. O que o futebol fez, em não vestir o uniforme oficial no pódio ficou feio para o Brasil. A punição vai para o COB, não para a CBF”, afirmou a nadadora Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática no Rio-2016 e integrante da Comissão de Atletas do COB.
O próprio COB veio a público para manifestar seu “repúdio” à atitude dos jogadores que, em última instância, poderia gerar uma quebra de contrato entre o patrocinadores e o comitê. “O Comitê Olímpico do Brasil repudia a atitude da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e dos jogadores da seleção de futebol durante a cerimônia de premiação do torneio masculino”, escreveu a entidade, em comunicado.
O comitê indicou que deve buscar ações jurídicas diante do descumprimento do acordo que havia sido assinado pelos jogadores “No momento, as energias do Comitê estão totalmente voltadas para a manutenção dos trabalhos que resultaram na melhor participação brasileira na História das Olimpíadas. Por este motivo, apenas após o encerramento dos Jogos o COB tornará públicas as medidas que serão tomadas para preservar os direitos do Movimento Olímpico, dos demais atletas e dos nossos patrocinadores.”
O Brasil conquistou no total 21 medalhas (sete de ouro, seis de prata e oito de bronze) em Tóquio. O time de futebol masculino foi o único a não usar o agasalho da patrocinadora do COB. No pódio do futebol masculino, as seleções da Espanha (vice-campeã) e do México (medalha de bronze) vestiram agasalhos dos seus respectivos comitês nacionais.