Indiferença afeta contratação de negros, afirma especialista

Foto: © Marcos Santos / USP Imagens

A dificuldade de inserir os negros no mercado de trabalho tem nome: indiferença à questão, diz a diretora-adjunta do Instituto Ethos, Ana Lúcia de Melo Custódio. O problema, afirma, passa por aquilo que o recrutador pensa ser o candidato ideal para a vaga em determinada empresa -e, de acordo com esse imaginário, esse futuro funcionário não é negro. Os negros são 64,2% dos desempregados no Brasil, embora representem 55,7% do total da população, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A participação de pretos e pardos entre os desocupados cresce desde o início da série, iniciada em 2012. Haveria falta de talentos para ocupar vagas? “É exatamente o contrário”, diz Custódio. “Quando a gente ignora uma parte da população que não entra ou não ascende nas empresas, estamos desperdiçando talentos”, diz. Segundo ela, há vieses inconscientes que coexistem com o difícil enfrentamento do racismo -uma questão brasileira, em sua avaliação.

No último levantamento do Ethos, em 2016, quando questionados se a participação dos negros nos diferentes níveis da empresa era adequada, os gestores respondiam que sim. “Tem-se a percepção de que as coisas vão bem, mas os dados dizem outra coisa”.

Avanços, no entanto, vem ocorrendo. As empresas, em especial as de grande porte, preocupam-se em reverter o quadro de ausência de negros em seus escritórios e fábricas.

Um projeto do Ethos foi lançando em maio de 2017 com 20 empresas que buscam incrementar o número de negros em sua força de trabalho. Hoje, o grupo reúne 36 companhias, do porte de Itaú, Coca-Cola, Avon, Carrefour, Bayer e McDonalds.

Dados da Rais

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