O jornalista Carlos Alberto Sardenberg não faz mais parte do quadro de funcionários da Globo, depois de 16 anos na emissora. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (10) em um comunicado emitido por Ali Kamel, diretor e jornalismo da empresa.
Comentarista de política e economia do Jornal da Globo, ele estreou na emissora em 2006. Carlos também teve passagem de destaque no canal pago GloboNews, desde 1998, e na rádio CBN, onde continuará trabalhando.
Nas redes sociais, Eliane Cantanhêde despediu-se do colega da GloboNews. “Carlos Alberto Sardenberg se despede hoje da Globo e da GloboNews, mas continua firme no Globo e na CBN. Um dos melhores jornalistas do Brasil, amigo do coração e de muitos carnavais. Vou sentir falta da nossa dobradinha no Em Pauta. Mas estaremos perto um do outro para sempre”, escreveu a comentarista política.
Leia comunicado da Globo informando a saída do jornalista.
“O comentarista que o público da TV aberta conheceu em 2006 já fazia sucesso na Globonews em 1998, quando juntou-se ao canal a convite da então diretora, Alice-Maria. Estreou no canal participando como repórter das diversas edições diárias do “Em Cima da Hora” e do “Jornal das 10”. Entrevistou empresários e profissionais do mercado financeiro. Logo se destacou e passou a fazer parte da equipe de comentaristas do canal. Adaptou-se muitíssimo bem à nova função e passou a brilhar também com suas análises econômicas especialmente no J10. Veio, então, em 2009, a proposta de uma tripla ancoragem no J10, com André Trigueiro, no Rio e Carlos Monforte, em Brasília. Mais uma aposta certeira. Deu ao J10 a justa temperatura do maior centro econômico do país, com relevância e simplicidade. Foi fundamental na equipe que se formou para a criação de um outro produto do canal: o “GloboNews Em Pauta”, jornal que surgiu em 2010 com uma proposta diferente na grade de programação: os principais assuntos do dia discutidos de forma diferente e descontraída, uma espécie de mesa redonda da GloboNews. Mais uma vez, Sardenberg se adaptou perfeitamente ao formato, expandindo a área de atuação, comentando política e comportamento, além da economia. Versatilidade que a gente acompanha também na CBN na hora do almoço.
Entre as coberturas históricas das quais participou na GloboNews, vale destacar a recente alta dos combustíveis neste difícil ano de 2022, a crise mundial no mercado imobiliário, em 2008, e os impactos da pandemia da Covid-19 na saúde financeira do Brasil. Apesar da fala mansa, da leveza e da serenidade, é firme quando necessário. Foi assim quando analisou o atraso do Brasil na busca por vacinas em pleno recrudescimento dos casos da doença no Brasil, em dezembro de 2020, o que poderia conter o agravamento da crise econômica já instalada. Foi enfático durante comentário no “Em Pauta”: “Não temos a vacina. E também estamos começando a retirar o auxílio emergencial. Então, estamos numa situação dramática. Temos o pior dos dois problemas.” Com a mesma firmeza, tratou da aprovação da PEC dos precatórios, em 2021, que dribla o teto de gastos furando o limite de despesas. Segundo a análise precisa de Sardenberg, uma combinação perigosa para a economia, que cria uma “bagunça na administração pública”.
Ao mesmo tempo, tinha a dose certa de acidez quando o assunto permitia. Como quando, no “Jornal das 10”, falou sobre a escalada da inflação em 2022: “A inflação vai se espalhando. E, quando a gente fica se perguntando qual é a principal causa da inflação, o economista argentino Roberto Frenkel costumava dizer: ‘É a mesma coisa de você chegar diante de um corpo crivado de balas e tentar descobrir qual foi o tiro fatal.’ Ou seja: você não vai achar nunca.”
(BN)