O consumo de até 5 litros de energético nos finais de semana, associado a bebidas alcoólicas, pode ter contribuído para um infarto do miocárdio no analista financeiro Allan da Costa Silva, de 27 anos. Após três eletrocardiogramas, um a cada 30 minutos, e com os resultados do exame de sangue em mãos, os médicos chegaram ao diagnóstico. A reportagem é do portal UOL.
O episódio aconteceu na manhã de 28 de dezembro, quando Allan acordou com dores no peito e no braço, e precisou ser hospitalizado. “Nunca tinha sentido essa dor antes, era muito forte. Ela não variava de intensidade, não diminuía em momento algum”, contou ao UOL.
Levado para a emergência de um hospital na região de Caieiras, em São Paulo, Allan contou que os médicos se surpreenderam com a existência de alguns coágulos em seu coração.
“Eles chamam isso de ‘trombose coronária’. O cardiologista chegou a me perguntar se eu consumia cocaína, então eu disse que não, que nunca tinha usado”.
Porém, o analista revelou que fazia uso abusivo de energéticos misturados com bebidas alcoólicas aos finais de semana, apesar de tomar semanalmente altas doses da bebida há cerca de 11 anos, nunca passou mal a ponto de ser atendido em um hospital.
“Sou uma pessoa ativa, estou sempre praticando esportes, jogo bola toda semana. Eu sabia que energético fazia mal por acelerar o coração. Às vezes, depois de beber alguns copos, sentia umas dores no peito mas sempre passava. Quando a gente é jovem, não acredita que possa acontecer algo de ruim”, disse.
O analista revelou ao UOL que chegava a tomar toda sexta, sábado e domingo, de 6 a 7 copos de 700 ml de energético por dia, misturado com uma porcentagem pequena de uísque ou vodca. Num único final de semana, seu consumo pessoal de energético podia chegar a 5 litros.
“A dor que eu senti eu não desejo para ninguém, nem para o meu pior inimigo”, diz Silva.
Especialista em cardioesporte, a cardiologista Nicolle Queiroz afirmou à publicação que quando combinados à bebida alcoólica, os energéticos podem ser ainda mais perigosos. A combinação gera uma “briga interna” no organismo. Enquanto o álcool age como um depressor das funções neurais, os energéticos atuam liberando hormônios neuroestimulantes, como a noradrenalina e a adenalina. Por estimular efeitos contrários, a combinação álcool + energético provoca inflamação e retração dos vasos simultaneamente, de forma abrupta.
A médica ainda alertou que os sintomas de ingestão excessiva de energéticos são os mesmos de uma pessoa que está infartando. Aperto ou dor no peito, no pescoço, nas costas ou nos braços, bem como fadiga, tontura, batimento cardíaco anormal e ansiedade. (BN)