Foto: Rodrigo Marques (ODMGT)/Reprodução
Danada que só ela, a cria de Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense, chegou chegando e vem emplacando um sucesso atrás do outro, há seis anos. Dos tempos de MC Beyoncé — quando, ainda adolescente e metida num figurino largadão, foi alçada à fama usando sua voz estridente para afrontar os invejosos — até agora — com uma proposta musical bem mais picante e visual sexy —, Ludmilla cresceu e apareceu. Tanto que fecha 2018 com mais cinco hits na conta: “Din din din”, “Solta a batida”, “Não encosta”, “Jogando sujo” e “Clichê” (esta, em parceria com Felipe Araújo, é tema do casal protagonista de “O sétimo guardião”, da Globo). Como se não bastasse, já é considerada a artista negra brasileira de maior projeção no Instagram, com 12,3 milhões de seguidores. — É uma responsabilidade enorme! Imagina milhões de pessoas te acompanhando todo dia… Mas fico muito feliz de ser referência para as meninas e mulheres negras do meu país. Quando eu comecei, não tinha em quem me espelhar. Seguia a minha intuição e pesquisava o que estava rolando de legal no exterior. Foi assim que Beyoncé entrou na minha vida. Eu queria cantar meu funk provocativo, mudar de cabelo e usar maquiagem ousada, mas não via nenhuma brasileira famosa assim, que me representasse — relembra a cantora e compositora, de 23 anos: — Agora, eu me sinto um pouco na pele da minha “ídola”, minha inspiração maior. Gosto de postar fotos e escrever coisas positivas porque sei que tem gente que precisa desses incentivos. Longe de acabar com o preconceito racial de que constantemente se vê alvo, a artista acredita que o reconhecimento só tem mascarado situações adversas como essa:
— As pessoas não têm coragem de falar as barbaridades na minha cara, mas, para quem sabe ler, um pingo é letra. Os ataques diretos, geralmente, acontecem pela internet. A situação de racismo mais recente e bizarra por que passei foi daquele apresentador que me chamou de macaca em rede nacional (Marcão do Povo, então comentarista do “Balanço geral Brasília”, foi demitido da Rede Record depois do episódio, ocorrido em 9 de janeiro do ano passado). Até hoje, o processo está rolando e não aconteceu nada com ele!
Cada vez mais segura de si, a rainha das perucas de cores e tamanhos variados — e dona de uma linha de cabeleiras postiças, a Lud Hair Boutique — resolveu assumir em público, este ano, os fios ao natural, em meio a um processo de transição capilar. — Na verdade, eu fiz merda no meu cabelo e tive que recomeçar. Passei um creme que não era hidratante, mas alisante, sem perceber. Minha sorte é que sou preguiçosa e não apliquei em mecha por mecha, como tinha que ser. Quando tirei, os fios já tinham ficado meio esticados. Retomei o tratamento, e agora ele está bem cacheadão. Estou só esperando o contrato com uma marca de cabelo ser fechado para usá-lo sempre assim, ao natural — explica, lembrando que, em outros tempos, chegou a ser barrada em campanhas publicitárias, pasmem!, por ser negra: — Mas o que me impulsiona é isso: quando me fecham uma porta, eu me sinto desafiada. Aí trabalho em triplo e consigo algo muito melhor. (Ibahia)