Lula x Bolsonaro: como período eleitoral acirrado impacta seus investimentos

Fotos: Ricardo Stuckert/Alan Santos/Flickr

Em conversa com o bahia.ba, o economista e assessor de investimentos, André Luzbel, detalhou de que forma o cenário atual impacta no desempenho dos investidores

Em uma das eleições mais marcantes e divididas da história do Brasil, muitos setores acabam sendo afetados pela imprevisibilidade, principalmente o mercado financeiro e a bolsa de valores brasileira (B3). Em conversa com o bahia.ba, o economista e assessor de investimentos, André Luzbel, detalhou de que forma um período eleitoral acirrado, como o cenário atual, impacta no desempenho dos investidores. “Alterna entre pânico e euforia, de acordo com pesquisas que vão saindo ao longo do tempo.”

Segundo o economista, as eleições influenciam muito mais na bolsa de valores, ou seja, no mercado de ações, pois acaba ficando mais volátil, oscilando muito. “Em uma eleição como essa, que estamos vivendo no Brasil, que é totalmente binária, ou seja, você tem dois concorrentes de lados de extremo oposto, isso gera ainda mais instabilidade e volatilidade. Então o mercado fica oscilando entre alegria e tristeza, em questão de 24 horas. O comportamento da bolsa nas últimas quatro semanas, principalmente depois do primeiro turno, mostrou isso”, explicou.

O assessor esclareceu que em uma situação de disputa eleitoral entre extremos lados, a melhor estratégia para o mercado de investimento seguir é não fazer nada e que em um país como o Brasil, onde o juros se encontra alto, ainda é possível ganhar dinheiro. “A taxa Selic está em 13,75%, isso equivale a uma taxa bruta acima de 1% ou 1,10% ao mês, então o que temos visto e feito é basicamente falado isso para os investidores, quando a bolsa subia, porque ela ficou em euforia, ‘realiza um pouco dos lucros, coloca na renda fixa, você vai está ganhando 1% ao mês com resgate imediato. Espera passar a eleição, se a bolsa despencar, vai gerar oportunidades. Você resgata da renda fixa, coloca novamente em ações e se o mercado disparar, após segundo turno, você ainda tem uma posição na sua carteira’. Então assim, a gente tem uma grande vantagem no Brasil que é o juros altos que favorece o investidor a não fazer nada”, ressaltou.

Lula x Bolsonaro

Sobre as consequências do resultado do impasse político, André Luzbel, pontuou que existem dois possíveis caminhos bem opostos para o mercado, a depender do candidato eleito. Para o assessor, caso Lula leve a liderança do país, a expectativa é que o mercado sofra a curto prazo, já se a vitória for para Jair Bolsonaro, segundo ele, existe uma certeza maior em relação à política econômica, que é muito mais voltada para o lado liberal.

Para o economista, a estimativa negativa do mercado, no caso da vitória de Lula, é reflexo das declarações do ex-presidente referentes às intervenções sobre as estatais. “Ele falou em reestatizar a Eletrobras, que acabou de ser privatizada. Falou em mexer na própria Petrobras, que foi talvez uma das ações que mais subiram no ano e que até semana passada tinha atingido uma máxima histórica. Então toda intervenção governamental nessas empresas afeta negativamente elas e como elas representam boa parte do índice Ibovespa isso vai acabar batendo na própria B3 no geral. A gente acredita que caso Lula vença no curto prazo, ou seja, na segunda ou terça-feira devemos ter um movimento de mais ressaca e fortes quedas”, disse.

Enquanto isso, Luzbel acredita que, caso Bolsonaro ganhe, o lado liberal do presidente, no sentido de privatizações, possa contribuir em uma melhor valorização da bolsa. “A Petrobras pode voltar a subir, o Banco do Brasil pode voltar a avançar e isso pode puxar a bolsa como um todo. Então acho que o resultado está se desenhando para ser binário de fato, um candidato eleito resultaria em forte queda e um outro candidato eleito resultaria em uma forte alta”, salientou.

Investimentos estrangeiros

Sobre os investimentos vindos do exterior, Luzbel estima otimismo para a bolsa brasileira. “A gente tem visto um fluxo muito forte, principalmente depois do primeiro turno, por que o Congresso e o Senado, que foi eleito, está muito mais voltado para a direita e isso é mais alinhado com o mercado de capitais, pois você teria ali uma defesa de uma economia mais liberal e eles poderiam barrar possíveis atitudes inconsequentes de qualquer um dos eleitos. Então o investidor estrangeiro tem entrado na bolsa, mas nem tanto, olhando a eleição. A gente tem aqui na nossa bolsa um grande peso de empresas exportadoras, empresas bancárias, que ganham com juros altos e, principalmente as exportadoras, elas acabam representando boa parte do índice e saem favorecidas no cenário macro, no cenário global, que é juros alto, inflação alta, commodities para cima. Mas os estrangeiros estão entendo “pesado” aqui no Brasil”, concluiu. (bahia.ba)

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