Mais de 13% dos pais brasileiros afirmam que não vacinaram seus filhos, diz estudo inédito

83% daqueles com filhos de qualquer idade afirmam ter aderido às campanhas

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Estudo inédito mostra que 13,3% dos pais brasileiros afirmam que não vacinaram seus filhos nas campanhas de imunização. Mas se for considerar a intenção dos responsáveis, antivacinas têm pouco espaço no Brasil.

De acordo com o trabalho produzido por pesquisadores da Rede de Pesquisa Solidária da USP (Universidade de São Paulo) e da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, 83% daqueles com filhos de qualquer idade afirmam ter aderido às campanhas. Entre os entrevistados, 4% não quiseram responder ou não sabiam da informação.

Considerando somente os pais de crianças e adolescentes com idade igual ou menor a 14 anos, 98% afirmam que os filhos participaram de todas as campanhas para doenças imunopreveníveis da infância. A mesma proporção reconhece as vacinas como importantes e eficazes na proteção de doenças infecciosas, como a meningite.

Os dados da pesquisa foram apresentados nesta terça-feira (24) no 5º Fórum da Saúde da Infância, organizado pela Fundação José Luiz Egydio Setubal e sediado no Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo. Também participaram do estudo Tatiane Moraes, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados da USP e membro do Observatório Covid-19 BR; Isabel Seelaender, do Departamento de Ciência Política da USP; e Rebeca de Jesus Carvalho, pesquisadora da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Para avaliar a percepção dos brasileiros sobre vacinação e hesitação vacinal (quando, por diversos motivos, os pais não levam os filhos para receberem imunizantes do calendário infantil), foram entrevistadas 2.129 pessoas de 18 anos ou mais, de todas as regiões do país, entre os dias 29 de julho e 3 de agosto. As entrevistas foram feitas pessoalmente em seus domicílios. A margem de erro foi de 2,1 pontos percentuais.

Por meio de um questionário, os entrevistados responderam se vacinaram ou não seus filhos, independentemente da idade das crianças e adolescentes, se aderiram às campanhas de imunização do calendário infantil e da Covid para aqueles com 14 anos ou menos, e sobre a percepção da importância da vacinação para prevenção de doenças graves.

Nas diferentes regiões, a região Centro-Oeste teve a maior adesão (89,45%), enquanto a Sudeste teve menor índice (79,71%). Não houve diferença significativa em relação ao gênero do participante do estudo.

Entre pais e mães com filhos de idade igual ou inferior a 14 anos, que representavam cerca de 45% da amostra, a proporção dos que afirmaram aderir à vacinação dos filhos para todas os imunizantes preconizados foi de 95%, chegando a 100% na região Nordeste. A região Centro-Oeste teve a menor adesão (96,14%).

Os cientistas também perguntaram sobre a percepção de risco de doenças infecciosas, usando como modelo a vacinação contra meningite, doença que atinge a região da meninge cerebral e pode provocar, em suas formas mais graves, sequelas como perda de visão e audição, paralisia e morte.

Segundo a pesquisa, em média, 95,3% dos entrevistados afirmaram concordar plenamente com a vacinação contra a meningite para evitar sintomas da doença. Este índice vai para 98,4% quando considerados também aqueles que dizem concordar em partes. De maneira semelhante, menos de 1% dos participantes afirmam discordar da vacinação contra a doença para prevenir sintomas, seja parcial ou totalmente.

Para Lorena Barberia, pesquisadora do estudo e professora do Departamento de Ciência Política da USP, os dados do levantamento revelam como a população brasileira entende a importância da vacinação de crianças e adolescentes contra a meningite.

“Usamos a meningite como um exemplo para ajudar a entender os fatores que contribuem para pais com filhos aceitar a vacinação das suas crianças”, diz.

VACINAÇÃO NAS ESCOLAS

A pesquisa também buscou entender também qual a compreensão dos pais e responsáveis sobre a vacinação contra gripe, HPV (vírus do papiloma humano) e Covid-19 nas escolas. Para esta parte do questionário, os entrevistados foram estimulados a responder à seguinte pergunta: “se houvesse uma campanha de vacinação nas escolas, você permitiria ou não permitiria que seus filhos fossem vacinados?”.

Como resultado, cerca de 89% dos participantes concordam com a vacinação dos filhos contra a gripe nas instituições de ensino básico. No caso do HPV, parte de um projeto de imunização nas escolas vetado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), 88% aprovam.

Em relação à vacina contra Covid, a adesão seria de 83%, indicando, portanto, uma menor percepção dos pais e responsáveis da importância da imunização contra o coronavírus em crianças e adolescentes.

(Noticias ao Minuto)

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