Médicos contrário e a favor ao uso da Ivermectina concordam em apenas um ponto: “com a abertura do comércio de S. A. de Jesus”

Foto: Voz da Bahia

No programa Meio-Dia e Meia na Live do Voz da Bahia (assista aqui) aconteceu um debate sobre o uso de ivermectina (é um fármaco usado no tratamento de vários tipos de infestações por parasitas. Entre elas estão a infestação por piolhos, sarna, oncocercose, estrongiloidíase, tricuríase, ascaridíase e filaríase linfática) no tratamento da Covid-19. O médico cardiologista, Dr. Marcos Cerqueira se posicionou contrário ao uso da droga; e o anestesista Dr. Eliomar Andrade favorável a aplicação do medicamento. Os médicos explanaram após a ivermectina ganhar espaço em uma divulgação de estudo ‘in vitro’ na Austrália, que mostrou capacidade de efeito antiviral contra a Covid-19. Os dois ainda deram suas opiniões sobre abertura do comércio de Santo Antônio de Jesus.

DR. MARCOS CERQUEIRA CONTRÁRIO AO USO:

Dr. Marcos Cerqueira afirma ser contra o uso da ivermectina, “dentro da prática médica baseada em evidências a gente precisa antes de disponibilizar esse tratamento para uma população geral, passar por testes e testes que sigam uma metodologia, ou seja, existem pesquisas em andamento, mas não é qualquer pesquisa que serve para validar uma medicação, seja ela qual for para o tratamento de uma doença específica, então é preciso ter um grupo que você usa, um grupo que você não usa que tem características semelhantes e que a gente possa analisar a partir do uso, se alguma mudança no desfecho, ou seja, se aquela pessoa adoece, desenvolve formas graves ou ela morre. Isso é o princípio de qualquer estudo, para poder tornar isso viável para a prática, é preciso ter essa comprovação. Não basta apenas um raciocínio lógico, por trás daquele medicamento,” explica.

O cardiologista ainda explica que o principal motivo de fazer usar um medicamento é comprovação da sua eficácia, “se esse medicamento vai ter segurança ou não, se esse medicamento vai ter efeitos colaterais ou não, isso vai ser discutido caso a caso. Por exemplo, a quimioterapia é uma medicação super eficaz ao tratamento de câncer, mas, não deixa de trazer efeitos colaterais; a própria hidroxicloroquina, uma medicação utilizada há muito tempo como antimalárico, utilizada em doenças reumatologias, é uma medicação que nós sabemos que pode trazer alterações oftalmológicas, risco cardiovascular, mas apesar da gente conhecer os riscos, a gente conhece também os benefícios aplicados nessas doenças, então a gente conversando com paciente orientando e sabendo que vai ter efeitos benéficos, a gente então indica. A ivermectina surge em um cenário de muito desespero científico, ausência dessas evidências faz com que algumas pessoas às vezes tentem de uma forma não científica utilizar de algumas medicações que possam trazer benefícios, mas o lema do médico é: ‘antes de não fazer o bem a gente não faça o mal‘, então essa dúvida que ainda paira na minha cabeça a ponto de não indicar essa medicação. Enquanto a gente não tiver comprovação de que essa droga seja de fato uma droga eficaz, que seja capaz de mudar o rumo daquela doença e também saber dos seus riscos, eu acho que não vale a pena indicar. Nós sabemos que o covid-19 está no início e nós estamos com nosso aprendizado no nível inicial, estamos estudando a doença e cada vez mais conhecendo características dessa doença, então nosso conhecimento ele está sendo construída, a doença se cura espontaneamente independente de qualquer intervenção medicamentosa, aqueles casos mais graves que porventura desenvolve falta de ar e a necessidade de oxigênio por ventilação mecânica, esses casos de fato são casos que suscitam mais questões, eu não vou fazer nada por esse doente que está morrendo? Daí, algumas pessoas que eu respeito a opinião, mas discordo, o raciocínio médico é isso, existe opiniões que podem ser contrárias mas que a gente precisa respeitar. Algumas pessoas acham que nesse cenário, a ivermectina poderia vir como uma solução para impedir a evolução mais grave desse doente, depois ainda surgiu outra utilidade para medicação, alguns grupos defendem que essa medicação pode ser usada como medicação profilática impedindo então que a pessoa desenvolva a doença, então surge o novo cenário, mas, mais uma vez volto a dizer que a doença evolui uma grande maioria dos casos de uma forma favorável a uma cura espontânea, na maioria dos casos e algumas pessoas que desenvolvem a doença e evolui de forma mais grave e toma ivermectina, elas podem melhorar simplesmente porque foram capazes de se recuperar”, explicou.

DR. ELIOMAR A FAVOR DO USO:

Por outro lado, Dr Eliomar Andrade defende o uso da ivermectina, “eu não sou pesquisador, sou só um observador e curioso. Eu resolvi entrar na internet e colocar lá trabalho científico, e aí como se faz um trabalho científico? Eles falaram que passam por diversas etapas, existem estudos científicos que podem levar 20 anos e tem estudo científico que pode ser reduzido, mas quando eles falam em redução, eles falam que não é bom você reduzir o tempo de estudo de uma pesquisa, que pode não ter claridade e eles falam que se você estender a pesquisa aí a indústria farmacêutica pode perder dinheiro. Então, meus amigos ouvintes, pesquisa científica é feito por entidades de nível superior e apoiado na grande maioria pela Indústria Farmacêutica. Então, vocês estão vendo que para que haja comprovação científica por detrás, precisa ter muito dinheiro, pessoas qualificadas e tempo. A ivermectina é uma substância que já passou por todas essas etapas e ela hoje já foi quebrada a patente. Nenhum laboratório puxa para si a fama da Ivermectina, eu posso dizer para vocês que não vai haver estudo científico da ivermectina, porque ela já foi quebrada a patente e ela tem seus defeitos, suas qualidades, e eu diria que é muito mais qualidade do que defeito, e nenhum laboratório vai se interessar em fazer estudo de novo da ivermectina. Agora para o covid-19, porque um medico não vai dizer, você está com o covid-19 então é ivermectina que você vai tomar, compre o comprimido de R$ 20, mas você que está com verme então o comprimido custa R$ 1, então o que que o brasileiro quer fazer? Ele quer comprar ivermectina para tratar verme e botar para tratar, então não esperamos por comprovação científica com o uso da ivermectina porque não vai haver. No que é que nós devemos nos apoiar? Nas observações generosas que está tendo como por exemplo, comerciantes juntaram dinheiro e na capital de um estado da Bolívia eles, como as autoridades não permitiam que você usasse a ivermectina como anti-covid-19, eles então burlaram a lei e forneceram ivermectina para que as pessoas usassem como antiparasitário. O que aconteceu? Não adoeceu ninguém nessa cidade após o uso da ivermectina. Então nós nunca iremos ter comprovação científica, porque demanda gente de qualidade e demanda principalmente dinheiro e o interesse de uma Indústria Farmacêutica, porque só ela que financia estudo científico da droga. É por isso que eu preconizo o uso da droga por causa de observações que fizeram e deu certo” , explicou.

SOBRE A ABERTURA E FECHAMENTO DO COMÉRCIO DE SAJ:

Direcionando o debate para as medidas de combate a pandemia como fechamento do comércio e lockdown (confinamento), o Dr Marcos Cerqueira revela que tais medidas não resolvem a proliferação da doença, “não é a melhor alternativa fechar o comércio. Acredito que se a gente conseguisse manter o comércio em funcionamento, por que nós sabemos que isso é importante para nossa economia, para geração de emprego, a gente poderia fazer isso de uma forma inteligente e permitido que essas instituições permanecessem abertas e com todos os cuidados para evitar a sua transmissão. A exigência de máscara, disponibilização de álcool gel, o distanciamento social, tudo isso que já é recomendado é de fundamental importância. Nós sabemos, que agora vem aí uma segunda onda da crise, que é a crise econômica e que vai trazer mazelas para serem adicionadas as que a gente já tem, então o desemprego, a fome, a desestruturação da nossa economia, são assuntos muito importantes e que talvez esse fechamento do comércio sem uma confirmação, sem uma comprovação de fato reduzir a mortalidade, reduz níveis de contaminação, contribuam para essa crise. É apenas a minha opinião pessoal, eu não sou cientista político, não sou político, acredito que os gestores estão aí com a batata quente na mão, porque tiveram que pegar o grande problema para manejar”, relata.

Dr. Eliomar Andrade, também concorda com abertura do comércio e reforça o uso das máscaras e luvas porém não apoia o distanciamento social, “eu acredito que não precisa respeitar distanciamento. O meu lema é saia de casa, vá trabalhar de máscara e usando ivermectina. O covid-19 não pega você hoje e mata amanhã, são 14 dias para as pessoas adoecerem, e aí vem a fase 2, e depois a fase 3, então qual é o problema de todo mundo trabalhar? O que que iria acontecer? Seria ótimo, aí nós iríamos ver o que aconteceu na cidade de Trindade que 120 mil pessoas fez uso da ivermectina e ninguém adoeceu. É claro que o vírus não acaba dentro da pessoa, mas o vírus não transita mais de uma pessoa para outra na mesma escala de antes, porque não tem ninguém doente”, explica.

Reportagem: Voz da Bahia

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