Menos julgamentos mais empatia!

Uma amiga me contou que, depois de explodir numa situação super difícil com as filhas de 03 e 04 anos, vinha subindo exausta uma ladeira tentando chegar no carro, carregando uma filha no braço e arrastando a outra que se debatia, a barriga de quase 30 semanas pesando e todas as cargas de um dia difícil nas costas, quando uma mãe da escola das meninas, com sua filha que se comportava lindamente, a ouviu dizer que estava cansada. Essa mãe que pô … não é possível que ela não sabe das treta, achou que era um bom momento pra dizer à minha amiga: “ainda vem outro aí, hein”, num tom de reprovação e chacota. A mágoa no olhar de minha amiga ao contar essa história me comoveu, ela que é uma mãe maravilhosa e, diga-se de passagem, tá felicíssima com seu terceirinho! Eu lembrei dos relatos de violência obstétrica que as mulheres sofrem no parto, porque né, muitas ouvem:  “na hora de fazer não tava doendo”. Um anúncio tenebroso de como podemos ser cruéis com as mães. Não bastasse a rotina exaustiva, a carga mental e o saco de culpa nas costas, temos os julgamentos equivocados, os olhares de reprovação e a absoluta falta de empatia. Eu já ouvi em algumas palestras pessoas questionando sobre empatia, o que seria e como praticar. Gente, faça pelo outro o que você gostaria que fizessem por você, e sua referência continua sendo você!  Eu aprendi com a Comunicação Não Violenta que empatia pressupõe ação, se interessar verdadeiramente pelas necessidades do outro para então fazer por ele o que ELE gostaria que fizessem por ele. Minha amiga talvez precisasse apenas de um olhar acolhedor e alguém pra carregar sua bolsa enquanto ela lidava com as meninas. Quando você vir uma mãe com dificuldade com seu filho na rua, na casa da tia, ou na porta da escola, então você terá uma ótima oportunidade de praticar a empatia pra além da hashtag na rede social, perguntando a essa pessoa o que ela precisa e como você pode ajudar. Se não se sentir confortável em oferecer ajuda diretamente, seja o olhar que abraça em oposição aos olhares que acusam. O amor é, por si, um ato de resistência. E se as coisas precisam mudar, sejamos nós, intimamente, o próprio movimento transformador. (BN)

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