O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi demovido da ideia de “usar a caneta” e demitir o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, nesta segunda-feira (6). Segundo informações do site da Revista Veja, o recuo vem após uma forte articulação de militares ligados ao Planalto.
O líder do Executivo nacional já tinha se decidido pela exoneração do principal nome do governo no combate ao coronavírus, mas no final da tarde foi convencido pelos ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Governo), ambos militares, de que a melhor decisão seria manter o ministro por ora. Apesar disso, a possibilidade de exoneração continua forte.
Nos últimos dias, Mandetta travou uma guerra de declarações com Bolsonaro principalmente por causa da questão da quarentena ampla, que o ministro e as principais autoridades de saúde do mundo defendem, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS), que lidera os esforços mundiais de combate à pandemia.
Bolsonaro prefere flexibilizar o isolamento social por acreditar que isso vai “quebrar” a economia do país e provocar caos social, o que pode ferir de morte o seu governo.
Caso Mandetta caia depois, os mais cotados para assumir a vaga são o deputado federal Osmar Terra, ex-ministro da Cidadania; a imunologista e oncologista Nise Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina; e o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres.
Osmar Terra, inclusive, já teria ligado para os governadores para anunciar a decisão do presidente. Ministro da Cidadania até fevereiro passado, ele tem defendido nos últimos dias posição contrária à de Mandetta na questão do isolamento social – alega que a medida não resolve e pode prejudicar a economia, mesma tese defendida pelo presidente.
Barra Torres também pensa como Bolsonaro e chegou a acompanhá-lo no dia em que ele cumprimentou apoiadores em frente ao Alvorada durante as manifestações de 15 de março. Já Yamaguchi é defensora do uso da cloroquina no tratamento do coronavírus, esperança de Bolsonaro para reduzir a letalidade da doença, embora ainda não haja comprovação da eficácia do medicamento.
Como se não bastasse a guerra quase declarada entre presidente e ministro, a mais recente pesquisa Datafolha havia apontado que entre os brasileiros que declararam ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno da última corrida presidencial, 82% classificaram como ótimo ou bom o trabalho da pasta comandada pelo médico e deputado licenciado Mandetta, que é filiado ao DEM.