O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos encaminhou nesta terça-feira (18) um pedido de 30 dias adicionais para esclarecer as afirmações feitas pela ex-ministra da pasta e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) sobre possíveis casos de abuso sexual infantil na Ilha de Marajó (PA). Ela não apresentou provas ao relatar os supostos crimes.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão informou à reportagem que está analisando o pedido. Na semana passada, a Procuradoria havia determinado três dias para o Ministério prestar informações sobre todas as denúncias de violência contra crianças que recebeu desde 2016. O prazo original já se encerrou.
Nesta terça, a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou um requerimento para convidar Damares a esclarecer as falas sobre violência sexual contra crianças. Por se tratar de um convite, a senadora eleita não tem obrigação de comparecer.
O MPF (Ministério Público Federal) do Pará informou na semana passada, por meio de nota, que nenhuma denúncia feita ao órgão nos últimos 30 anos sobre tráfico de crianças na Ilha de Marajó (PA) é semelhante “às torturas citadas” por Damares.
Em nota enviada à reportagem, a Polícia Civil do Pará disse não ter “nenhum registro referente aos modos de atuação descritos pela ex-ministra” e encaminhou “ofício solicitando documentos e mídias citadas” por Damares para iniciar “de forma urgente investigação sobre os fatos relatados”.
Desde a última semana, as afirmações da senadora eleita fizeram com que ela se tornasse alvo de pedidos de esclarecimentos do MPF (Ministério Público Federal) e a PGR (Procuradoria-Geral da República) foi acionada contra ela, já que ela estaria como ministra na época dos crimes relatados por ela.
O que Damares disse?
Em um culto com crianças presentes, Damares detalhou abertamente os casos de abusos sexuais para os ouvintes, que teriam sido cometidos contra crianças na Ilha de Marajó (PA). Ela não mostrou provas no momento da fala.
“Eu vou contar uma história para vocês, que agora eu posso falar. Nós temos imagens de crianças brasileiras de três, quatro anos que, quando cruzam as fronteiras, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, relatou. Ela disse ainda que as meninas e meninos comem comida pastosa “para o intestino ficar livre na hora do sexo anal”, afirmou a ex-ministra.
Além disso, segundo a senadora eleita, as crianças da Ilha de Marajó são traficadas para o exterior e que “explodiu o número de estupros de recém-nascidos”, relatando os preços dos supostos crimes.
Em nota, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou que a ex-chefe da pasta se baseia em “numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes”. (BN)