Moradores do bairro de São Tomé de Paripe protestam na manhã desta terça-feira (18), na BA-528, conhecida como Estrada do Derba. Segundo o grupo, a manifestação é contra uma ação policial, que terminou com uma gestante baleada e o bebê dela morto.
De acordo com os moradores da comunidade Mariango, a ação aconteceu por volta das 16h30 da segunda-feira (17). Eles relatam que os policiais já entraram na rua atirando, e que não havia confusão no local.
A gestante, identificada como Jucilene Santana Juriti, de 26 anos, estava sentada na porta de brincando com os outros dois filhos e conversando com as vizinhas. Abalado, o marido dela e pai das crianças pediu uma posição da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
“Minha esposa estava na porta de casa, quando chegaram os policiais despreparados atirando. Balearam minha esposa. Ela foi afetada com três disparos, perdeu o filho e nós estamos aqui cobrando, porque nós não íamos fazer manifestação se fosse por um criminoso. Nós estamos aqui por uma cidadã de bem, uma mulher grávida, gestante, e esses policiais despreparados cometeram esse ato”.
“Nós queremos justiça, uma resposta da Secretaria [de Segurança] Pública, o afastamento desses policiais. Eu como pai, estou sentindo a dor. Como é que pode, policiais despreparados invadirem uma rua atirando, e tirarem a vida de uma criança no ventre de sua mãe?”, questionou o marido da vítima.
Jucilene acabou atingida por três tiros, que a família afirma terem sido disparados pelos policiais. Um dos tiros atingiu o abdômen da vítima, e ela perdeu o bebê. Os outros dois disparos atingiram um braço e um rim.
Uma vizinha e amiga da vítima, que estava na porta de casa com ela no momento da ação policial, conta que só percebeu que Jucilene tinha sido baleada, quando ela pediu para não morrer.
“Ela estava sentada na porta de casa, a gente estava juntas. Eu, minha filha, estávamos todas sentadas e a gente só percebeu que ela tinha tomado o tiro quando ela subiu as escadas e falou: ‘Anginho [o marido, Ângelo], não deixa eu morrer, não’. Foi quando a gente viu que ela tinha tomado tiro, e depois viu que eram três disparos”, contou.
Ela está internada em estado grave no Hospital do Subúrbio, onde precisou fazer uma cirurgia de emergência para tirar a criança morta do ventre.
Um homem, também morador de São Tomé de Paripe, conta como aconteceu a ação e diz que quase foi baleado pelos policiais. No momento em que os tiros foram disparados, ele estava em uma igreja.
“A polícia tem o direito de fazer o trabalho dela. Mas não de chegar em um bairro e achar que todo mundo é cachorro e sem dono, não. Primeiro, nós não somos cachorros e temos Deus por nós. Eu estava edificando a obra de Deus na entrada da igreja, quando eles [policiais] entraram. A rivalidade deles com os outros, a gente não tem nada a ver”, disse..
“Eles chegaram atirando, a bala passou perto de minha cabeça, na igreja está lá o buraco. E eles não quiseram nem saber. Em nenhum dos momentos houve tiros deflagrados [contra os policiais]. O tiro foi deles e eu vi”.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar, para saber o posicionamento da corporação sobre a ação, mas ainda não obteve respostas. (Fonte: G1)