Quase 70 anos de carreira em um consultório não foram suficientes para o dentista baiano Igínio Rossi deixar de trabalhar após a aposentadoria. Aos 92 anos, ele atua como dentista em Salvador e surpreende pela disposição na hora de exercer a profissão que começou a ser trilhada quando ele entrou na faculdade de odontologia, na década de 40, com apenas 17 anos.
O dentista não trabalha como antes, todos os dias da semana. Ele faz atendimento voluntário nas segundas e quartas-feiras. O trabalho é desenvolvido em um consultório, através de serviços gratuitos disponibilizados por uma igreja católica no bairro da Graça, em Salvador.
A vontade de continuar na área, segundo ele, foi uma forma de se manter atualizado e em movimento.
“Quando me aposentei já estava cansado, muitos anos de trabalho. Comecei a perceber que o que eu já tinha era suficiente, já dava para comprar a farinha. Eu atendi no meu consultório particular até quatro anos atrás, com 88 anos. Mas depois que larguei o consultório, o dia passou a ter 26 horas. Então resolvi voltar”, contou.
Dedicação, trabalho e persistência sempre fizeram parte da vida de Igínio, um dos 12 filhos de um italiano dono de uma fábrica de macarrão na capital baiana.
Sempre bem-humorado, sorridente e com uma palavra de sabedoria adquirida ao longo desses 92 anos, Igínio revelou ter uma saúde de “ferro”. Segundo ele, a longevidade é resultado da forma leve que trilha os caminhos da vida, além da prática de atividades relacionadas ao trabalho.
Após nove décadas, ele comemora as conquistas da profissão e a felicidade em ter uma filha que também escolheu ser dentista. Os ensinamentos que passou para a filha, ele continua espalhando para os estudantes que também atuam como voluntários no consultório da igreja, em Salvador.
“Tem muitos jovens lá onde eu atendo e a gente percebe que às vezes eles têm uma dificuldade. A dificuldade vem, mas tem que ser humilde. A humildade de aprender é primordial em qualquer profissão. Eu gosto quando vejo um aluno se destacar, perguntando minha opinião”, conta.
Igínio diz ainda que se sente bem quando as pessoas veem ele como um exemplo por conta da profissão e que o objetivo da ajuda às pessoas é uma satisfação pessoal. (G1 Bahia)