O número de enterros nos meses de maio, junho e julho deste ano, em Salvador, cresceu quase o dobro em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). Durante o período, 2.120 pessoas foram enterradas nos cemitérios municipais, sendo que 63,34% de pessoas diagnosticadas com a Covid-19.
Segundo a Semop, em maio, junho e julho de 2019 foram contabilizados 1.036 sepultamentos. Já neste ano, os meses juntos alcançaram a marca de 2.120. Desse total, 777 pessoas foram enterradas por causa do novo coronavírus e 1.343 por causas diversas.
Os números parciais do mês de agosto também estão em ascendência. Só nos 19 primeiros dias do mês, foram 344. Setenta e três desses por causa da Covid-19, e 271 por causas diversas.
A Semop informou que 4.453 sepultamentos foram feitos no ano passado. Os dados que o órgão divulgou apontam que 4.064 corpos foram enterrados entre 1° de janeiro e 18 de agosto de 2020.
O reflexo das mortes da Covid-19 fez com que o número de enterros registrado nos primeiros oito meses deste ano se aproximasse do número registrado ao final dos 12 meses de 2019.
Desde o início da pandemia, em março, 886 pessoas foram enterradas com a Covid-19 nos cemitérios municipais, o que representa 21,84% dos sepultamentos.
Em junho, a Semop já tinha divulgado dados que mostravam que as mortes pela Covis-19 teriam reflexo no número de sepultamentos nos cemitérios públicos. Naquele momento, o órgão divulgou que o número de enterros no mês de maio tinha crescido quase o dobro em relação aos números contabilizados no mesmo período do ano passado.
Números como base para medidas
Durante a coletiva de imprensa na sexta-feira (21), o prefeito de Salvador, ACM Neto revelou que uma das maneiras de analisar a situação da pandemia do novo coronavírus é pelo número de pessoas enterradas nas últimas 24 horas.
De acordo com ACM Neto, Salvador está com média de 16 enterros de pacientes com Covid-19 por dia. O número, que não é divulgado pelos órgãos e serve de controle interno, leva em conta sepultamentos em cemitérios particulares e públicos.
“Eu tenho que trabalhar com informações próprias, como essa que eu estou dizendo, que não tem caráter oficial, porque eu não vejo em lugar nenhum dizendo o número de pessoas que foram sepultadas em 24 horas, na cidade. Esse dado não existe oficialmente, mas no meu caso, eu trabalho com ele, porque eu sei que ele é um dado fiel, oficial e que retrata aquelas 24 horas”, disse.
O prefeito informou que a média já chegou a ser de 40 e que todos os esforços estão sendo feitos para que ela seja zerada.
“É muita gente que está morrendo ainda. Uma média de 16 pessoas em 24 horas [em Salvador], somente por causa da Covid-19, é muita gente. Nós estamos falando de 160 pessoas em dez dias, é muita gente ainda morrendo pela Covid-19 e a gente precisa ter essa consciência”, analisou.
Por causa do aumento de mortes, 1.060 gavetas já foram disponibilizadas a mais nos cemitérios públicos da capital baiana. A previsão é de que 1.820 novas vagas sejam entregues em um mês.
Gavetas entregues:
- Brotas: 460 gavetas
- Plataforma: 480 gavetas
- Paripe: 120 gavetas
Gavetas a entregar
- Brotas: 1.160 gavetas
- Plataforma: 660 gavetas
É importante ressaltar que o número de pessoas sepultadas nos cemitérios municipais é menor que o número de mortos divulgados pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), porque muitos pacientes são enterrados em cemitérios particulares.
Confira dados sobre sepultamentos nos cemitérios municipais de Salvador:
- No dia 18 de agosto, data do último balanço da Semop, os cemitérios municipais de Salvador tinham enterrados 4.064 corpos. O número é bem próximo do número total de sepultamentos registrados em 2019.
- O mês de junho foi o que mais teve sepultamentos em Salvador, 777, sendo que 464 por causas diversas e 313 pelo Covid-19.
- Apesar de a pandemia ter começado em março, na Bahia, os cemitérios públicos só começaram a enterrar pacientes com Covid-19 em abril. Foram 36. (G1)