O aumento do consumo de bebidas alcoólicas no circuito do São João entre os adolescentes preocupa conselho tutelar de S. A. de Jesus

“Quando os donos de estabelecimentos vendem bebida alcoólica para menores eles respondem sim, criminalmente.”

Coordenadora do Conselho Tutelar de Santo Antônio de Jesus, Joelia Barreto / Foto: Voz da Bahia

Na tarde de quarta-feira (28), a coordenadora do Conselho Tutelar de Santo Antônio de Jesus, Joelia Barreto, esteve presente em entrevista ao Voz da Bahia, onde comentou sobre a situação dos jovens, adolescentes no São João do município veiculados ao aumento no consumo das bebidas alcoólicas.

Joelia conta que, de fato, sempre acontecem adolescentes embriagados nas festas, “não só no período de São João, mas também em outras festas, é algo que chega ser inevitável, por mais que se conscientize as famílias e se conversem com os pais. Sabemos que os adolescentes querem começar essas experiências quanto antes, e no circuito da festa junina não é diferente. Eu estive lá por duas noites no dia 23 e no dia 24. Eu, enquanto conselho tutelar nesse período fui acionada não muitas vezes nos posto de saúde, teve quatro ocorrências e foram muito tranquilas, a equipe da saúde é muito equilibrada, muito coerente na hora de passar demandas. Solicitamos a presença dos pais, ou responsáveis, que compareceram para estarmos entregando seus filhos e serem conduzidos para casa”, diz.

Em seguida, a coordenadora explica a atuação do conselho quando recebem uma denúncia que os meninos se utilizam do álcool, “o Conselho Tutelar trabalha da seguinte forma: quando recebemos denúncias de que uma adolescente está ingerindo bebida alcoólica, chamamos a família para conversar, para conscientizar, pois, existem vários fatores. O trabalho do circuito do São João é emergente, é algo se dá aquele momento, que você vai aplicar as medidas para resolver o problema naquele instante de forma emergente. Estive em duas noites, mas em outras tiveram outras equipes trabalhando lá também”, descreve.

Em dias normais, Joelia conta que se procura o dono do estabelecimento para exigi-lo que não esteja vendendo aquela bebida para os jovens, “existem advertências que tem que ser aplicadas ao proprietário do estabelecimento e a família que é com quem trabalhamos diretamente, chamamos para conversar, ouvimos o adolescente, fazemos a escuta dele, da dos pais ou responsáveis. Convidamos a família para comparecer ao conselho, conversamos com ela, damos encaminhamentos ao Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas), quando dialogamos e o adolescente assume que ele está doente, que ele está ingerindo demais a bebida, e não é permitido, não é recomendável. Vai atrapalhar o seu desenvolvimento psicológico, neurológico, pedagógico, social e em tudo”, expõe.

Barreto ainda completa ressaltando que depois da pandemia surgiram muitas coisas, e tantos problemas, “nossos adolescentes têm procurado outras formas, outros jeitos, de passar por situações, e fugir do real problema que eles estão passando. Estou em segundo mandato no conselho tutelar e já vi várias situações envolvendo tanto meninos, quanto meninas, claro que nos últimos tempos as meninas têm também adentrado nesse vício do álcool e temos recebido um número muito grande, que infelizmente tem entrado por esse caminho, acredito que, com a experiência do dia-a-dia, na maioria das vezes, quando conversamos com as pessoas, essas garotas estão enfrentando conflitos, estão decepcionadas com alguma coisa, querem avançar a idade logo, querem chegar à fase adulta, quando, na verdade, elas ainda têm de 12, 13, 14 anos e desejam resolver tudo sozinhas”, pontua.

Com isso, Joelia diz ainda, que os adolescentes tendem a tomar o caminho errado, “abandonam a escola, engravidam precocemente, querem ter a primeira aventura do primeiro gole de bebida, querem ter a primeira experiência do primeiro trago de cigarro e Infelizmente um incentiva o outro”, explica.

A coordenadora do Conselho frisa que a família é muito importante na formação do caráter desses meninos, “principalmente quando entra na fase da pré-adolescência, que é uma mudança constante, que acontece no temperamento, mudanças psicológicas e eles precisam da orientação de adultos conscientes que mostrem para eles a importância da vida, da família, de ser um cidadão de bem, por mais que se passe pelos momentos conflituosos, mas não é o momento que você está vivendo que vai determinar o futuro, mas é a forma em que vai ajudar aquele adolescente encarar o problema que ele está enfrentando”, conta.

Ao fim, Joelia afirma que essa é a realidade do Conselho Tutelar, “mas não desistimos, somos perseverantes e estou lá no conselho com os colegas, estamos lá trabalhando e dando o nosso melhor mesmo com todas as dificuldades. Estou caminhando para o final, por que, no próximo ano, teremos um novo colegiado. Agora, quando os donos de estabelecimentos vendem bebida alcoólica para menores eles respondem sim, criminalmente, por que quem está cometendo o crime, são eles que estão vendendo, e com relação aos pais, eles sempre recebem uma advertência também, não vão passar desapercebidos e nem passar em branco”, finaliza.

Reportagem: Voz da Bahia

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