Talvez, mas a verdade é que ninguém sabe. Ainda bem que, por via das dúvidas, o seu traseiro está sempre de máscara – o nome dela é calça, com cueca ou calcinha por baixo, de preferência. Um estudo publicado no periódico Lancet examinou as fezes de 98 pacientes de covid-19 e descobriu que 55% delas continham o Sars-CoV-2. Ou seja: o bichinho também frequenta a porta dos fundos.
Por bastante tempo, diga-se: o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA encontrou coronavírus nas fezes de um bebê que havia sido exposto 17 dias antes da coleta da amostra. É evidente que uma pequena dose de vírus pode ser ejetada feito um desodorante aerossol no ato do flato. Daí até saber se tal quantidade oferece risco – principalmente com a proteção das calças – é outra história. Precisaríamos de testes com uma grande amostra de pessoas e parâmetros controlados, coisa que não está exatamente na lista de prioridades dos médicos no momento.
No Twitter, o médico australiano Andy Tagg, da Universidade de Melbourne, postou uma foto de uma placa de Petri (superfície de vidro usada para cultivar bactérias em laboratório) que havia sido exposta a uma carga gasosa recém-saída do escapamento humano. Nela se proliferaram criaturinhas típicas da nossa microbiota intestinal. Sinal de que eles pegam carona com o furacão 2000 – e de que o vírus, em tese, é capaz de realizar a mesma manobra. Desde que não haja calças no caminho: com elas posicionadas adequadamente no corpo do cidadão (o mínimo que se espera quando ele se encontra no exterior de sua residência), a placa de Petri fica limpa. Ufa. Que alívio.
Por Bruno Vaiano Pergunta de Alexandre Carvalho, revisor da SUPERINTERESSANTE