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Misoginia é nome dado para a antipatia, o desprezo ou a aversão às mulheres. A palavra tem origem na junção dos termos gregos miseo, que significa ódio, e gyne, que se refere à mulher. O termo é antigo, mas ganhou destaque nos últimos anos nas redes sociais com as crescentes discussões sobre os direitos das mulheres e debate sobre questões de gênero e valores do feminino. Para especialistas, é justamente esse ódio que sustenta o machismo e a crença de que os homens são melhores e mais capazes do que as mulheres. A misoginia também está por trás do grande número de crimes cometidos contra as mulheres: Das agressões verbais e físicas ao feminicídio, termo usado quando o homicídio praticado contra a mulher tem motivação no simples fato de a vítima ser do sexo feminino. Muito além da aversão às mulheres, a misoginia também pode ser percebida no desprezo aos valores ligados ao feminino, como sensibilidade, acolhimento, compreensão, escuta – qualidades raras na sociedade atual e que começam a ser resgatadas. As mulheres são o principal alvo da misoginia, mas todos saímos perdendo quando não encaramos o problema. Subestimar os próprios sentimentos, deixar de escutar a si mesmo e ao outro ou só se preocupar em trabalhar e produzir, esquecendo as atividades que preenchem, relaxam ou trazem prazer, são ações que se tornaram comuns no cotidiano e podem ser apontadas como a causa de mal-estar emocional e físico.
A misoginia na História
O historiador Leandro Karnal, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), define misoginia como preconceito contra a mulher. E diz que é um dos antigos e mais arraigados da espécie humana. Em uma avaliação da representação da mulher na figura da Vênus, em diferentes períodos da História da Arte, ele conclui o quanto na visão dos artistas – todos homens – o corpo sempre foi o que mais importava na mulher. O filósofo destaca também a misoginia e a aversão ao feminino no pensamento de importantes intelectuais dos séculos 19 e 20. Como o alemão Arthur Schopenhauer, que dizia que “a mulher, por natureza, deve obedecer” e que “as mulheres são naturalmente inimigas”. O filósofo alemão Nietzsche disse que “ao sair para o encontro com uma mulher, não se esqueça de levar o chicote”, em um de seus aforismos. Erasmo de Rotterdam, importante nome do Humanismo, disse que “a mulher é um animal inépito e estúpido, embora agradável e gracioso”. A misoginia e a ideia de inferiorização da mulher foram divulgadas com naturalidade durante séculos e serviram de base para o pensamento ocidental, fincada em valores patriarcais. A atenção para a forma como as mulheres e o feminino eram abordadas na sociedade acontece com força somente na metade do século 20, com obras de feministas como Simone de Beauvoir, que escreveu “O Segundo Sexo” em 1949. O questionamento da representação da mulher e o alerta para essa aversão ao feminino é uma luta ainda recente. Atualmente, a inserção e popularização do termo misoginia e o resgate de valores do feminino são provas de que as discussões se aprofundam e avançam para um nível de mais igualdade. (O valor Feminino)